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sábado, 24 de julho de 2010


DIVALDO PEREIRA FRANCO


UM MÉDIUM, UM ORADOR, UM EDUCADOR

Divaldo é um verdadeiro apóstolo do Espiritismo. Dos seus mais de oitenta anos, mais de sessenta foram devotados à causa Espírita e às crianças excluídas, das periferias de sua Salvador. Nasceu em cinco de maio de 1927, na cidade de Feira de Santana, Bahia, e desde a infância se comunica com os espíritos. Cursou a Escola Normal Rural de Feira de Santana, recebendo o diploma de professor primário, em 1943. Trabalhou como escriturário no antigo IPASE, em Salvador, aposentando-se em 1980.

Concedendo entrevista

É reconhecido como um dos maiores médiuns e oradores Espíritas da atualidade e o maior divulgador da Doutrina Espírita por todo o Mundo.

Seu currículo revela um exímio e devotado educador com mais de 600 filhos adotivos e mais de 200 netos, atendendo atualmente a cerca de 3.000 crianças, adolescentes e jovens de famílias de baixa renda, por dia, em regime de semi-internato e externato.

Orador com mais de 11.000 conferências, em mais de 2.000 cidades em todo o Brasil e em 62 países, concedendo mais de 1.100 entrevistas de rádio e TV, em mais de 450 emissoras. Recebeu mais de 700 homenagens, de instituições culturais, sociais, religiosas, políticas e governamentais.

Como médium, publicou 202 livros, com mais de 8 milhões de exemplares, onde se apresentam 211 Autores Espirituais, muitos deles ocupando lugar de destaque na literatura, no pensamento e na religiosidade universais. Dessas obras, houve 92 versões para 16 idiomas (alemão, albanês, catalão, espanhol, esperanto, francês, holandês, húngaro, inglês, italiano, norueguês, polonês, tcheco, turco, russo, sueco e sistema Braille). Além de 17 escritos por outros autores, sobre sua vida e sua obra. A renda proveniente da venda dessas obras, bem como os direitos autorais foi doada, em Cartório, à Mansão do Caminho e outras entidades filantrópicas.

Espírita convicto, fundou o Centro Espírita Caminho da Redenção em sete de setembro de 1947.

Acervo técnico

Dois anos depois, iniciou a sua tarefa de psicografia. Diversas mensagens foram escritas por seu intermédio. Sob a orientação dos Benfeitores Espirituais guardou o que escreveu, até que um dia recebeu a recomendação para queimar tudo o que escrevera até ali, pois não passava de simples exercício. Com a continuação, vieram novas mensagens assinadas por diversos Espíritos, dentre eles: Joanna de Ângelis, que durante muito tempo apresentava-se como Um Espírito Amigo, ocultando-se no anonimato à espera do instante oportuno para se identificar. Joanna revelou-se como sua orientadora espiritual, escrevendo inúmeras mensagens, num estilo agradável repassado de profunda sabedoria e infinito amor, que conforta as pessoas necessitadas dando diretriz espiritual.

Em 1964, Divaldo, sob orientação de Joanna de Ângelis, selecionou várias mensagens de autoria da mentora e enfeixou-as no livro Messe de Amor, que se tornou o primeiro livro psicografado por Divaldo. Atualmente, o médium é recordista e conta com 202 títulos publicados, incluindo os biográficos que retratam sua vida e obra.

MANSÃO DO CAMINHO

Divaldo Pereira Franco é emérito educador. Fundou em 1952, na cidade de Salvador, Bahia, com Nilson de Souza Pereira, a Mansão do Caminho, instituição que acolheu e educou crianças sob o regime de Lares Substitutos.

Em 20 Casas Lares, educou mais de 600 filhos, hoje emancipados, a maioria com família constituída.

Alguns Diplomas

Na década de 60, iniciou a construção de escolas, oficinas profissionalizantes e atendimento médico.

Hoje, a Mansão do Caminho é um admirável complexo educacional com 83.000 m2 e 50 edificações que atende a três mil crianças e jovens de famílias de baixa renda, na Rua Jaime Vieira Lima, n° 1 , Pau da Lima, um dos bairros periféricos mais carentes de Salvador. O complexo atende a diversas atividades sócio-educacionais como: enxovais, Pré-Natal, Creche, escolas de ensino básico de 1º e 2º graus, Informática, Cerâmica, Panificação, Bordado, Reciclagem de Papel, Centro Médico, Laboratório de Análises Clínicas, Atendimento Fraterno, Caravana Auta de Souza, Casa da Cordialidade e Bibliotecas. Mais de 30 mil crianças passaram, até hoje, pelos vários cursos e oficinas da Mansão do Caminho. A obra é basicamente mantida com a venda dos livros mediúnicos e das fitas gravadas nas palestras, seminários, entrevista e mensagens por Divaldo.

HOMENAGENS

Divaldo Franco recebeu homenagens em diversos países e cidades da América do Norte,

Algumas Condecorações

Central, do Sul, Europa e África:

• 20 Comendas

• 334 Placas de prata, douradas e bronze

• 54 Medalhas • 49 Troféus

• 43 Moções de Congratulações

• 187 Diplomas e Certificados

• 12 Títulos Honoríficos significativos.

Dentre todas essas maravilhosas homenagens, destacam-se:

• 1991 – Título Honoris Causa em Humanidade, pelo Colégio Internacional de Ciências Espirituais e Psíquicas, em Montreal, Canadá em 23.05.1991.

• 1997 – Decreto de Ordem do Mérito Militar, 31.03.1997, pelo Presidente da República do Brasil.

• 2001 – Medalha Chico Xavier, do Governo do Estado de Minas Gerais.

• 2002 – Título de Doutor Honoris Causa em Humanidades, pela Universidade Federal da Bahia.

• 2002 – Homenagem da Universidade Estadual de Feira de Santana.

• 2005 – Título de Embaixador da Paz no Mundo, junto com o amigo Nilson de Souza Pereira. O título foi recebido em Genebra, na Suíça, em 30 de dezembro de 2005, pela Ambassade Universalle Pour la Paix.

PEDRO DE CAMARGO "VINÍCIUS"


Pedro de Camargo, mais conhecido por “Vinícius”, pseudônimo que ele adotou e usou por mais de cinqüenta anos de trabalho contínuo e perseverante na Doutrina, foi, não há dúvida, o maior educador e evangelizador espírita dos nossos tempos.Também se dedicou, de corpo e alma, ao setor de assistência social, embora nunca deixasse de acentuar que o objetivo máximo da Terceira Revelação é iluminar as consciências, é anunciar pela palavra, e confirmar pelo exemplo, as verdades do Reino de Deus.

Na tribuna, na imprensa, no rádio e através de seus livros, o grande saber e as virtudes de Vinícius sempre estiveram presentes, esclarecendo-nos e convidando-nos à ascensão. Ao seu bondoso espírito aliava o conhecimento intelectual e intuitivo das coisas humanas e divinas, o que o fazia respeitado, e venerado mesmo, entre os companheiros de lides doutrinárias.

A começar de 1939, desenvolveu, pelas ondas hertzianas, da Rádio Educadora de São Paulo, um programa evangélico sempre ouvido com agrado e proveito por todos os interessados. Foi diretor- superintendente da primeira “estação dos espíritas” (hoje extinta), a Rádio Piratininga – PRH-3, fundada em 1940. Seus esforços a prol da Unificação do movimento espírita brasileiro foram relevantes, e ele próprio esteve lado a lado de outros confrades nas reuniões que conduziram à criação do Conselho Federativo Nacional, tendo sido aquele que, ao encerramento dos trabalhos do Pacto Áureo de 5 de outubro de 1949, proferiu, a convite do presidente da FEB, belíssima prece.

Pedro de Camargo nasceu em Piracicaba, Estado de São Paulo, no dia 7 de maio de 1878. Foram seus pais Antônio Bento de Camargo e Sebastiana do Amaral Camargo. Entre os cinco filhos do casal, três homens e duas mulheres, ele era o quarto.

Fez os seus primeiros anos de escolaridade no “Colégio Piracicabano”, educandário metodista, de fundação norte-americana. Nessa época, a diretora do estabelecimento era a missionária Martha H. Watts, de quem ele guardou sempre uma lembrança querida e uma grande admiração.

São dele as seguintes palavras extraídas de um artigo que escreveu por ocasião da morte da missionária, ocorrida nos Estados Unidos da America.: “Eu bem me lembro que perto de Miss Watts ninguém era capaz de mentir ou dissimular; as traquinadas e travessuras, escondidas cautelosamente, eram-lhe fielmente narradas quando nos interpelava, tal o império que sobre nós sabia exercer, sem jamais usar para isso de outro meio que não a força do bem e o devotamento com que praticava seu sagrado sacerdócio.

Muito lhe deve a sociedade piracicabana; muito lhe devem seus ex-alunos. Cedo, perdeu o pai, e cedo começou a ganhar a vida.

Entrou para o comércio. Trabalhava com seus irmãos mais velhos. Jovem ainda, e influenciado por um amigo, resolveu estabelecer-se. Esse amigo, José Bento de Carvalho, morava em Santos e, de quando em vez, viajava para Piracicaba, a fim de colocar as suas mercadorias – secos e molhados finos. Foi dentro desse ramo que Pedro de Camargo deu início ao seu negócio.

A casa chamou-se “O Garrafão”. Teve êxito, prosperava rapidamente. Todavia, pouco tempo depois, ampliando-a deu preferência a “louças e ferragens”. Também o nome da casa foi mudado para “As Duas Ancoras”, onde trabalhou por muitos anos, e sempre nunca lhe faltou nada, nem à sua família. Amparou muita gente, e jamais alguém lhe bateu à porta que não fosse atendido e bem socorrido.

Que o digam os piracicabanos de seu tempo. Ele e José Bento de Carvalho foram sempre muito amigos – amigos do peito. Ambos bem jovens, já abraçavam com entusiasmo a religião espírita, nela tendo encontrado, afinal, explicações racionais que em vão buscaram nas demais doutrinas religiosas, inclusive no Metodismo. Casou-se em primeiras núpcias com D. Elisa Runcke, de quem enviuvou muito cedo.

Desse consórcio tiveram uma filha (já falecida) a quem deram o nome de Martha, em homenagem à querida mestra.

Em segundas núpcias casou-se com D. Messiota de Campos Pereira, de Juiz de Fora, Minas Gerais, falecida em 26 de novembro de 1952. Desse casamento deixou cinco filhos, um homem e quatro mulheres.

Viveu em Piracicaba até o ano de 1937, ali tendo dirigido a Igreja Espírita “Fora da Caridade Não Há Salvação”. Transferindo-se para a cidade de São Paulo, em 1938, nessa capital permaneceu até a data de sua desencarnação.

Pedro de Camargo educou todos os filhos no Colégio Piracicabano, que então estava sob a direção de Miss Lilá A.Stradley, com quem ele manteve boas relações de amizade. Foi procurador do Colégio por muitos anos. O Colégio Piracicabano era, na época, um dos melhores educandários do Estado de São Paulo e, até mesmo, do Brasil. Seguindo os currículos e os métodos das escolas norte-americanas, atraía para lá famílias distintas e tradicionais da Capital.

O único filho varão de Vinícius cursou em seguida a Escola Politécnica de São Paulo, e alcançou o cargo de diretor da Secção de Engenharia Nuclear do “Reator” de São Paulo. Educação esmerada receberam as filhas, todas casadas, exceto D. Ruth.

Onze netos e dois bisnetos encontraram no coração amoroso de Vinícius um segundo lar.

Por muitos anos a “Sociedade de Cultura Artística” de Piracicaba. Levou para lá os melhores artistas. Nunca se afinou bem com a política. Muito moço, ao assumir a cadeira de vereador, na Câmara Municipal de Piracicaba, eleito por indicação do Partido Republicano, disse, entre outras afirmativas, o seguinte: “Não sou político, isto é, não me comprometo absolutamente com as idéias de um partido ou com os princípios que os constituam, porque os partidos têm suas disciplinas e não desejo seguir outra disciplina que não seja a do dever e ouvir outra voz que não a da razão e da consciência”.

E – como dizia ele mais tarde – porque agi de conformidade com este critério, não me quiseram mais! Sua vida intelectual; dedicou-a ao estudo do Evangelho à luz do Espiritismo. Poucos se aprofundaram tanto no assunto. Era, de fato, um apaixonado admirador do Mestre, tanto que todas as suas obras escritas tiveram esses títulos: “Em Torno do Mestre”, “Na Seara do Mestre”, “Nas Pegadas do Mestre” e “Na Escola do Mestre”, as três primeiras publicadas pela Federação Espírita Brasileira. É ainda de sua autoria o opúsculo – “Cinqüentenário de O Piracicabano”.

Foi grande orador, sempre dentro do seu tema predileto, emocionando a quantos tinham a ventura de ouvi-lo. Conselheiro da Federação Espírita do Estado de São Paulo, ali introduziu as suas apreciadíssimas Tertúlias Evangélicas, realizadas todos os domingos pela manhã, com o comparecimento de grande assistência.

Perene admirador da Casa de Ismael, sempre lhe consagrou inteiro apoio, tendo colaborado por dezenas de anos no “Reformador”, com artigos que primavam pela essência altamente doutrinária e evangélica, num estilo escorreito e, ao mesmo tempo, fluente e didático. Essa colaboração escrita, ele a estendeu a inúmeros outros órgãos da imprensa espírita brasileira.

Chegou a ser presidente da União Federativa Espírita Paulista, e durante mais de uma década foi diretor-gerente de “O Semeador”, órgão da Federação Espírita do Estado de São Paulo, fundado em 1944. Presidiu o “Instituto Espírita de Educação” até 1962, obra de grande relevância em S. Paulo. Como parte desse Instituto, surgiu em 1955 o Externato Hilário Ribeiro, elogiadíssimo por quantos o visitam. Havia alguns anos que os achaques naturais de uma idade avançada impediam-no de maiores atividades, daí porque sua colaboração escrita e falada quase desapareceu.

A última carta que ele endereçou ao presidente da FEB, Sr. A Wantuil de Freitas, datada de 14 de Agosto de 1965, foi escrita com a ajuda do seu filho, e dizia assim num certo trecho:

“Guardo com grande carinho a fotografia da reunião de 1949. Os resultados dessa reunião, se não foram completos, foram todavia testemunho do que já se conseguiu a respeito da unificação. “As saudades não matam, mas maltratam. Outro dia encontrei uma velha fotografia do Manuel Quintão, que veio aumentar ainda, se possível, as recordações saudosas daqueles dias. Lembrei-me do Dr. Guillon Ribeiro, do Leopoldo Cirne, do Frederico Figner e de outros companheiros. Ainda tenho a esperança de vê-lo, aqui, em São Paulo, na primeira oportunidade.

“A minha grande distração que era ler e escrever um pouco; estou impedido de fazê-lo, em virtude dessas dificuldades dos sentidos, particularmente da vista”. Às 20 horas do dia 11 de outubro de 1966, o Espírito de Vinícius passava à Pátria Espiritual. Foi-lhe dado, então, ver, olhos não mais enevoados, os companheiros a que ele se referira em sua carta, rodeados por uma multidão de criaturas que se beneficiaram com seus ensinos, todos homenageando-o pelo brilhante êxito de sua missão de evangelizador nas terras brasileiras.

Tal foi a existência de Vinícius, toda ela dedicada à causa da educação e do soerguimento moral das criaturas humanas. Daí porque, dias depois de atravessar as aduanas do Além, ele pôde transmitir bela e confortadora mensagem aos seus amigos e companheiros da Casa de Ismael, participando-lhes a sua feliz ressurreição nos planos da Vida Maior!


JOSÉ HERCULANO PIRES


José Herculano Pires, o maior escritor espírita brasileiro, decididamente não se conformava com o que via: de um lado o Espiritismo sendo duramente atacado, e por outro, apaixonadamente defendido. O problema estava num aspecto comum entre os atacantes e defensores: em sua maioria desconheciam o próprio Espiritismo.
“Os adversários partem do preconceito e agem por precipitação. Os espíritas formularam uma idéia pessoal da Doutrina, um estereótipo mental a que se apegaram” (Introdução à Filosofia Espírita).


Guardo comigo a convicção de que se baseie nessa análise (que podemos também desfrutar no Curso Dinâmico de Espiritismo) a sua maior motivação para o extenso e vigoroso trabalho que desenvolveu.

Herculano escreveu muito, num trabalho extenso e intenso. Abarcou os mais variados temas relacionados ao Espiritismo. Filosofia, educação, ciência, religião e movimento espírita eram seus temas prediletos. Este último foi motivo de muitas e fundadas polêmicas (nunca fugiu delas). No movimento espírita e fora dele, Herculano defendeu o Espiritismo com a energia de um Don Quixote. Os livros e artigos que escreveu, além dos debates do qual participou, construíram uma estampa única de defesa pública e destemida do Espiritismo, marcada pelo compromisso com a verdade e a lógica, mais do que com pessoas e instituições. Os “padres mágicos” (que chegavam a inventar experiências televisivas para “provar as fraudes dos espíritas”) e os pastores dedicados a atacar o Espiritismo tiveram cada um de seus argumentos ou simples acusações respondidos, na imprensa escrita, no rádio, na televisão. A sintaxe utilizada era a da exposição objetiva de fatos e argumentos. A semântica preferida era a do desenvolvimento lógico e racional.

No âmbito interno do movimento espírita foram igualmente combatidos as práticas espíritas que condenava (como as aplicações inadequadas da mediunidade) e conceitos espíritas equivocados (como o da reforma íntima). Inconformado com as inúmeras distorções que se aplicavam ao Espiritismo no próprio meio espírita, sobretudo pela Federação Espírita Brasileira, com sua inexplicável defesa de teses de Roustaing, Herculano não se fazia calar. Chegava mesmo a ferir suscetibilidades: o amor só tinha sentido e lugar se amparado na verdade.

Não tenho dúvidas de que Herculano era apaixonado pelo Espiritismo. Os seus estudos científicos, por exemplo, sempre recheados com uma infinidade de informações levantadas à exaustão junto a pesquisadores do mundo inteiro, e fortemente calcados na base e na metodologia kardequiana, chegavam a conclusões profundamente otimistas sobre os resultados conseguidos pela pesquisa espírita. Em Mediunidade chega a afirmar que a tese espírita da existência de energias espirituais típicas já havia sido comprovada cientificamente. A conclusão talvez seja discutível, haja vista a relutância ainda vigente nos dias atuais aos métodos e conclusões da pesquisa espírita, mas o que mais chama a atenção nesses estudos é a profunda capacidade de correlacionar informações diversas de maneira a cercar um problema e suas causas potenciais, lembrando e complementando o que faziam Bozzano e Kardec: a razão nos diz que não basta encontrar uma causa para um fenômeno, é necessário buscar a causa de um conjunto consistente de fenômenos.

Na discussão científica, o defensor também mostrou sua face. Em A Pedra e o Joio dedicou-se a combater as teorias científicas que se constróem entre os espíritas sem base sólida. Para Herculano, Kardec é a base fundamental. O método kardequiano, apoiado na razão e na universalidade de informações, e os conceitos fundamentais do Espiritismo, seriam para ele a estrutura sólida para o desenvolvimento das pesquisas espíritas. A destruição gratuita dessa base poderia colocar em risco todo o conjunto.

Na questão científica é também fundamental notar uma outra contribuição importante de Herculano: ele estabelecia em seus estudos a discussão explícita entre o Espiritismo e os diversos segmentos da pesquisa psíquica, do americano Rhine ao russo Vassiliev, do psicanalista Freud ao engenheiro Bozzano. Ao contrário de muitos, que timidamente preferem dogmatizar a Doutrina, discutindo apenas a sua lógica interna, Herculano expunha e desta forma mostrava a força da visão e do método espírita.

No que se refere ao tema educação, o seu trabalho foi, e continua sendo, ímpar. Numa única frase - “o educando é um espírito encarnado” - resumiu filosoficamente a contribuição do Espiritismo à educação. Propôs e estruturou a Pedagogia Espírita, fortemente calcada nos princípios da imortalidade e da evolução do espírito. Criou e dirigiu a revista Educação Espírita, que a despeito do pequeno número de edições (quantos realmente a apoiaram?), mantém-se ainda hoje como uma das mais importantes contribuições ao tema na nossa literatura. Também nesta área encontramos marcas de sua energia e seu entusiasmo. Afinal, quem além dele poderia se debruçar sobre um projeto de Faculdade de Espiritismo, com processo pedagógico diferenciado e com detalhamento da estrutura organizacional e do currículo? A educação espírita ganha identidade e corpo nas mãos de Herculano, mas a sua meta não é apenas influenciar os currículos escolares: o alcance da Pedagogia Espírita transcende a esta vida. Coerente com a visão kardequiana de que a consciência da imortalidade, a proposta de Herculano se resume atribuir transcendência aos atores e ao processo educacional. Em Educação para a Morte fica claro que o papel educacional do Espiritismo não está focalizado estritamente numa das duas facetas da vida (a encarnada ou a desencarnada), mas sim na sua totalidade. Visa o espírito integral.

Herculano foi jornalista e trabalhou vários anos nos Diários Associados. Escrever foi realmente a sua vida. O que chama mais a atenção, no entanto, é que seu estilo não se pautou estritamente na objetividade jornalística. Era fundamental a discussão, a análise, às vezes até a divagação por caminhos longos que no retorno davam nova feição ao ponto original. Não há dúvida de que Herculano foi acima de tudo um filósofo do Espiritismo. Para seu amigo argentino Humberto Mariotti, em Herculano Pires: Filósofo e Poeta, ele era um filósofo e pensava sobre o mundo e o ser com evidentes profundidades metafísicas. Ao publicar a sua Introdução à Filosofia Espírita, Herculano enfrentou o problema da análise do Espiritismo como doutrina filosófica, discutiu a teoria do conhecimento espírita, e propôs uma Filosofia Espírita da Existência, que chamou de Existencialismo Espírita: a busca na realidade concreta da essência possível, partindo dela para as induções metafísicas. Ao invés de partir da essência impalpável, e nela ficar, o Espiritismo parte dos fatos, dos fenômenos, do real, da vida. A discussão da existência leva à essência, não o contrário.

Ao propor uma concepção existencial, Herculano permite-nos também compreender o processo dialético vivido pelo espírito ao nascer, viver, morrer e renascer. Analisando mais especificamente o trabalho de Kardec percebemos que toda a teoria espírita se construiu a partir da observação dos fatos. A visão existencialista permite ver o papel de Kardec e dos demais elaboradores do Espiritismo na sua construção. O maior kardeciólogo que o mundo já viu também buscou, a cada instante, compreender, interpretar e avaliar o papel de Kardec.

Talvez seja possível resumir o que buscou continuamente Herculano: desvendar o grande desconhecido, ou seja, compreender e discutir visão de mundo do Espiritismo, analisar sua contribuição ao conhecimento humano, detalhar seu método, avaliar o papel de Kardec e dos Espíritos na sua elaboração, e mostrar a todos tudo o que descobriu.

Esta biografia foi elaborada por: Mauro Spinola, Engenheiro, Doutor em Engenharia de Computação, Professor Universitário, participante do CPDoc (Centro de Pesquisa e Documentação Espírita) e do Centro de Estudos Espíritas José Herculano Pires, de São Paulo, Capital.

BATUIRA


Nasceu Batuíra aos 19 de Março de 1839, em Portugal, na freguesia de Águas Santas, hoje integrada no conselho de Maia. Filho de humildes camponeses, tendo apenas completado a instrução primária, veio, com cerca de 11 anos de idade, para o Brasil, aportando na Guanabara a 3 de Janeiro de 1.850.

Durante três anos trabalhou no comércio da Corte. Daí passou para Campinas-SP, onde ficou por algum tempo até que se transferiu definitivamente para a capital paulista, que na ocasião deveria possuir menos de 30.000 habitantes. Aí, nos primeiros anos, foi distribuidor do "Correio Paulistano". Naquele tempo, não havia bancas de jornais nos lugares públicos. A entrega se fazia à tarde, de casa em casa, e tão somente aos assinantes.

Diligente, honesto e espírito dócil, Batuíra, como entregador de jornais, ia formando amigos e admiradores em toda parte. Parece que neste período que aprendeu a arte tipográfica, certamente nas próprias oficinas do "Correio Paulistano".

Batuíra, muito ativo, correndo daqui para acolá, foi apelidado "o batuíra", nome que o povo dava à narceja, ave pernalta, muito ligeira, de vôo rápido, que freqüentava os charcos na várzea formada, no atual Parque D. Pedro II, pelos transbordamentos do Rio Tamanduateí. O nome do rapazinho era ANTONIO GONÇALVES DA SILVA, mas, de então em diante, tomou para si o apelido de BATUÍRA.

Dentro de pouco tempo, com as economias que reuniu, e naturalmente com o auxilio de pessoas amigas, montou um teatrinho nos fundos de uma taverna da rua Cruz Preta. Naquela modesta casa de espetáculos, muitos amadores fizeram sua estréia, inclusive Batuíra.

Perseverando na sua faina, dedicou-se depois à fabricação de charutos. Assim, com bastante trabalho e economia, Batuíra fazia crescer suas modestas finanças, o que lhe permitiu esposar a Srta. BRANDINA MARIA DE JESUS, de quem teve um filho, JOAQUIM GONÇALVES BATUÍRA, que veio a falecer depois de homem feito e casado.

Audaz como os grandes empreendedores o são, investiu seu dinheiro na compra de áreas desvalorizadas, iniciando a construção de pequenas casas para alugar, tornando-se assim um abastado proprietário, cujos haveres traduziam o fruto de muitos anos de trabalho árduo e honrado, unido a uma perseverança inquebrantável.

Na ocasião em que tudo parecia correr bem, falece, quase repentinamente, o filho único de sua Segunda esposa, D. MARIA DA DORES COUTINHO E SILVA. Era uma criança de doze anos, por quem o casal se extremava em dedicação e carinho.

Este golpe feriu profundamente aquele lar, que só pode encontrar lenitivo à dor na consoladora Doutrina dos Espíritos.

Tão grande foi a paz que o Espiritismo lhes infundiu, que Batuíra imediatamente pôs mãos à obra, no desejo ardente de que outros companheiros de labutas terrenas tivessem conhecimento daquela abençoada fonte de esperanças novas. E dentro daquele corpo baixo e de compleição robusta, um coração de ouro iria dar mais larga expansão aos seus nobres sentimentos de amor ao próximo.

No ano de 1.889, Batuíra passou a ser, na cidade de S. Paulo, o agente exclusivo do "Reformador", função de que se encarregou até 1.899 ou 1.900.

No dia 6 de Abril de 1.890, restabeleceu o Grupo Espírita Verdade e luz que havia muito "se achava adormecido".

Adquiriu então uma pequena tipografia, destinada a divulgação e propagação do Espiritismo, editando a publicação quinzenal chamada "Verdade e Luz", que atingiu no ano de l.897, a marca de 15.000 exemplares.

Batuíra era também médium curador, sendo centenas as curas de caráter físico e espiritual que obtinha ministrando água efluviada ou aplicando "passes magnéticos".

Em virtude de todos esses fatos, o povo, o mais beneficiado por Batuíra, passou a denominá-lo "Médico dos Pobres", cognome que igualmente aureolou o nome de Adolfo Bezerra de Menezes.

A ação benemérita de Batuíra não se circunscrevia, entretanto a estas manifestações da caridade cristã. Foi muito mais além. Criou ele Grupos e Centros espíritas em S. Paulo, Minas Gerais, Estado do Rio, os quais animava e assistia; realizou conferências sobre diversos temas doutrinários, em inúmeras cidades de vários Estados, ocasião em que também visitava e curava irmãos sofredores; espalhou gratuitamente prospectos e folhetos de propaganda do Espiritismo, por ele próprio impressos, e distribuiu milhares de livros pelo interior do País.

Batuíra, unido a outros confrades ilustres, constituiu na capital paulista, a 24 de Maio de 1.908, a "União Espírita do Estado de S. Paulo", que federaria todos os Centros e Grupos existentes no Estado.
Assim era o valoroso obreiro da Terceira Revelação, o incansável lidador que nunca se deixou abater pelas asperezas da jornada, tendo sido incontestavelmente um dos maiores propagandistas do Espiritismo no Brasil.

Carregando sobre os ombros muitas responsabilidades, não sentiu, tão preso se achava ao cumprimento dos seus deveres, que suas forças vitais se esgotavam rapidamente. Súbita enfermidade assalta-lhe o corpo e zombando de todos os recursos médicos, em poucos dias obriga-o a transpor as aduanas do além. Aos 22 de Janeiro de 1.909, Sexta-feira, cerca de uma hora da madrugada, faleceu Sr. ANTÔNIO GONÇALVES DA SILVA BATUÍRA.

CAÍBAR SCHUTEL


No dia 22 de setembro de 1868, filho do casal Anthero de Souza Schutel e Rita Tavares Schutel, nasceu Caírbar de Souza Schutel, no Rio de Janeiro, então sede da Corte Imperial do Brasil, onde praticou em diversas farmácias e aos 17 anos de idade foi para o Estado de São Paulo, trabalhando como farmacêutico em Piracicaba, Araraquara e depois em Matão, cidade em que viveu durante 42 anos.

Possuidor de brilhante cultura, de grande prestígio social e sobretudo de notória autoridade moral, acabou sendo escolhido para o honroso e histórico cargo de primeiro Prefeito da cidade de Matão, cargo que ocupou por duas vezes, a primeira de 28 de março a 07 de outubro de 1899, voltando a exercê-lo de 18 de agosto a 15 de outubro de 1900, conforme consta das atas e dos registros históricos da municipalidade matonense.

Nascido em família católica, batizado aos 7 anos de idade, Caírbar Schutel cumpria suas obrigações perante a Igreja de Roma. Entretanto, já adulto e vivendo em Matão, passou a receber, em sonhos, a visita constante de seus falecidos pais, porque ele ficara órfão de ambos com menos de 10 anos de idade. Insatisfeito com as explicações de um padre para o fenômeno, Schutel procurou Quintiliano José Alves e Calixto Prado, que realizavam reuniões de práticas espíritas domésticas, logrando então entender a realidade do mundo extra-físico.

Convertido ao Espiritismo, cuidou logo de legalizar o Grupo (hoje Centro) Espírita Amantes da Pobreza, cuja ata de instalação foi lavrada no dia 15 de julho de 1905. Resolvido a difundir a Doutrina Espírita pelos quatro cantos do mundo - e mesmo vivendo em uma pequena e modesta cidade no interior do Brasil -, o "Bandeirante do Espiritismo", como ficou conhecido Caírbar Schutel, fundou o jornal "O Clarim" no dia 15 de agosto de 1905, e a RIE - Revista Internacional de Espiritismo no dia 15 de fevereiro de 1925, ambos circulando até hoje.

Além disso, o incansável arauto da Boa Nova, com todas as dificuldades da época e da região, viajava semanalmente até a cidade de Araraquara para proferir, aos domingos, as suas famosas "Conferências Radiofônicas", pela Rádio Cultura de Araraquara (PRD - 4), no período de 19 de agosto de 1936 a 02 de maio de 1937.

Escritor fértil, entre 1911 e 1937 escreveu os livros O batismo, Cartas a esmo, Conferências radiofônicas, Histeria e fenômenos psíquicos, O diabo e a igreja, Espiritismo e protestantismo, O espírito do cristianismo, Os fatos espíritas e as forças X..., Gênese da alma, Interpretação sintética do apocalipse, Médiuns e mediunidades, Espiritismo e materialismo, Parábolas e ensinos de Jesus, Preces espíritas, Vida e atos dos apóstolos, A questão religiosa, Liberdade e progresso, Pureza doutrinária, A vida no outro mundo e Espiritismo para crianças.

Para publicá-los, Schutel não mediu esforços: adquiriu máquinas, papel, tinta, cola e outros insumos para impressão, procurando escolher sempre material de primeira categoria. Desse esforço surgiu a Casa Editora O Clarim, que hoje emprega inúmeros funcionários em Matão, tendo publicado mais de cem títulos de obras de renomados autores, encarnados e desencarnados.

Consciente de sua responsabilidade como cidadão, cuidou de regularizar a sua união com Dª. Maria Elvira da Silva e Lima, com ela se casando no dia 31 de agosto de 1905; o casal Schutel não teve filhos carnais, porém sua dedicação aos semelhantes ficou indelevelmente marcada na história de Matão, uma vez que ambos jamais deixaram de atender aqueles que os procuravam.

Depois de curta enfermidade, Caírbar Schutel faleceu em Matão, no dia 30 de janeiro de 1938. Durante e após suas exéquias, inúmeras pessoas de Matão, das cercanias, do Estado de São Paulo e de diversas regiões do Brasil prestaram-lhe comovente tributo de gratidão e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, tendo certamente cumprido a sua missão.

Aliás, o prestigioso jornal 'A Comarca', de Matão, em sua edição de 6 de fevereiro de 1938, consignou o seguinte: "É absolutamente impossível em Matão falar-se quer da nossa história passada, quer da nossa história hodierna sem mencionar Caírbar Schutel. Caírbar Schutel foi, para Matão, um dínamo propulsor do seu progresso, um arauto dedicado e eloqüente das suas aspirações de cidade nascente. Mais do que isso foi o homem que, como farmacêutico, acorria com o seu saber e com a sua caridade à cabeceira dos doentes, naqueles tempos em que o médico era ainda nos sertões que beiravam o 'Rumo', uma autêntica 'avis rara'.

"Militando na política por algum tempo, a sua atuação pode ser traduzida no curto parágrafo que abaixo transcrevemos, fragmento de um discurso pronunciado em 1923, na Câmara Estadual, pelo Deputado Dr. Hilário Freire, quando aquele ilustre parlamentar apresentou o projeto da criação da Comarca de Matão. Ei-lo: 'Em 1898, o operoso, humanitário e patriótico cidadão Sr. Caírbar de Souza Schutel, empregando todo o largo prestígio político de que gozava, e comprando com os seus próprios recursos o prédio para instalação da Câmara, conseguiu, por intermédio de um projeto apresentado e defendido pelo Dr. Francisco de Toledo Malta, de saudosa memória, a criação do município de Matão'.

Dizem algumas comunicações mediúnicas que o Espírito Caírbar Schutel está, no mundo espiritual, encarregado pela divulgação do Espiritismo na Terra; sendo confirmada tal informação, essa nobre tarefa está muito dirigida, porque o movimento espírita deve muito ao querido "Bandeirante do Espiritismo", assim como à sua digníssima esposa Dª. Maria Elvira da Silva Schutel, pois, como diz a sabedoria popular, ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher!

AUTA DE SOUZA


Nasceu em Macaíba, então Arraial, depois cidade do Rio Grande do Norte a 12 de setembro de 1876, era magrinha, calada, de pele clara, um moreno doce à vista como veludo ao tato. Era filha de ELOI CASTRICIANO DE SOUZA, desencarnado aos 38 anos de idade e de Dona HENRIQUETA RODRIGUES DE SOUZA, desencarnada aos 27 anos, ambos tuberculosos. Antes de ter completado 3 anos ficou órfã de mãe e aos 4 anos de pai. A sua existência, na terra foi assinalada por sofrimentos acerbos. Muito cedo conheceu a orfandade e ainda menina, aos dez anos, assistiu a morte de seu querido irmão IRINEU LEÃO RODRIGUES DE SOUZA, vitimado pelo fogo produzido pela explosão de um lampião de querosene, na noite de 16 de fevereiro de 1887.

Auta de Souza e seus quatro irmãos foram criados em Recife no velho sobrado do Arraial, na grande chácara, pela avó materna Dona SILVINA MARIA DA CONCEIÇÃO DE PAULA RODRIGUES, vulgarmente chamada Dindinha e seu esposo FRANCISCO DE PAULA RODRIGUES, que desencarnou quando Auta tinha 6 anos.

Antes dos 12 anos, foi matriculada no Colégio São Vicente de Paulo, no bairro da Estância, onde recebeu carinhosa acolhida por parte das religiosas francesas que o dirigiam e lhe ofereceram primorosa educação: Literatura, Inglês, Música, Desenho e aprendeu a dominar também o Francês, o que lhe permitiu ler no original: Lamartine, Victor Hugo, Chateubriand, Fénelon.

De 1888 a 1890, a jovem Auta estuda, recita, verseja, ajuda as irmãs do Colégio, aprimora a beleza de sua fé, na leitura constante do Evangelho.

Aos 14 anos, ainda no Educandário Estância, em 1890, manifestaram-se os primeiros sintomas da enfermidade que lhe roubou, em plena juventude, o viço e foi a causa de sua morte, ocorrida na madrugada de 7 de fevereiro de 1901 - Quinta-feira à uma hora e quinze minutos, na cidade de Natal, exatamente com 24 anos, 4 meses e 26 dias de idade. Os médicos nada puderam fazer e Dindinha retornou com todos para a terra Norte-Rio Grandense. Ei-los todos em Macaíba. Foi sepultada no cemitério do Alecrim e em 1906, seus restos mortais foram transladados para o jazigo da família, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Macaíba, sua terra natal.

O forte sentimento religioso e mesmo a doença não impediram de ter uma vida absolutamente normal em sociedade.

Era católica, mas não submissa ao clero. Ela não se macerou, não sarjou de cilícios a pele, não jejuou e jamais se enclastou. Era comunicativa, alegre, social. A religiosidade dela era profunda, sincera, medular, mas não ascética, mortificante, mística. Seu amor por Jesus Cristo, ao Anjo da Guarda, não a distanciaram de todos os sonhos das donzelas: Amor, lar, missão maternal. Com 16 anos, ao revelar o seu invulgar talento poético, enamorou-se do jovem Promotor Público de Macaíba, João Leopoldo da Silva Loureiro, com a duração apenas de um ano e poucos meses. Dotada de aguda sensibilidade e imaginação ardente dedicava ao namorado amor profundo, mas a tuberculose progredia e seus irmãos convenceram-na a renunciar. A separação foi cruel, mas apenas para Auta. O Promotor não demonstrou a menor reação.... É verdade que gostava de ouvi-la nas festas caseiras a declamar com sua belíssima voz envolvente, aveludada e com ela dançar quadrilhas, polcas e valsas, mas não era o homem indicado para amar uma alma tão delicada e sonhadora como Auta de Souza. Faltava-lhe o refinamento espiritual para perceber o sentimento que extravasava através dos olhos meigos da grande Poetisa.

Essa sucessão de golpes dolorosos, marcou profundamente sua alma de mulher, caracterizada por uma pureza cristalina, uma fé ardente e um profundo sentimento de compaixão pelos humildes, cuja miséria tanto a comovia. Era vista lendo para as crianças pobres, para humildes mulheres do povo ou velhos escravos, as páginas simples e ingênuas da "História de Carlos Mágno", brochura que corria os sertões, escrita ao gosto popular da época.

A orfandade da Poetisa ainda criança, o desencarne trágico de seu irmão, a moléstia contagiosa e a frustração no amor, esses quatro fatores amalgamados à forte religiosidade de Auta, levaram-na a compor uma obra poética singular na História da Literatura Brasileira "Horto", seu único livro, é um cântico de dor, mas, também, de fé cristã. A primeira edição do Horto saiu do prelo em 20 de Junho de 1900.
O sofrimento veio burilar a sua inata sensibilidade, que transbordou em versos comovidos e ternos, ora ardentes, ora tristes, lavrados à sombra da enfermidade, no cenário desolador do sertão de sua terra.

Em 14 de novembro de 1936, houve a instalação da Academia Norte-Rio Grandense de Letras, com a poltrona XX, dedicada a Auta de Souza.

Livre do corpo, totalmente desgastado pela enfermidade, Auta de Souza, irradiando luz própria, lúcida e gloriosa alçou vôo em direção à Espiritualidade Maior. Mas a compaixão que sempre sentira pêlos sofredores fez com que a poetisa em companhia de outros Espíritos caridosos, visitasse, constantemente a crosta da terra. Foi através de Chico Xavier, que ela, pela primeira vez revelou sua identidade, transmitindo suas poesias enfeixadas em 1932, na primeira edição do "PARNASO DE ALÉM TÚMULO", lançado pela Federação Espírita Brasileira.

Em sua existência física, Auta de Souza foi a AVE CATIVA que cantou seu anseio de liberdade; o coração resignado que buscou no Cristo o consolo das bem-aventuranças prometidas aos aflitos da terra. Além do túmulo, é o pássaro liberto e feliz que, tornado ao ninho dos antigos infortúnios, vem trazer aos homens a mensagem de bondade e esperança, o apelo à FÉ e a CARIDADE, indicando o rumo certo para a conquista da verdadeira vida.

A Campanha de Fraternidade Auta de Souza, idealizada pelo companheiro Nympho de Paula Corrêa e aprovada em 3 de fevereiro de 1953, pelo Departamento de Assistência Social da Federação Espírita do Estado de São Paulo, então dirigido pelo saudoso confrade José Gonçalves Pereira, é uma bela homenagem à nossa querida Poetisa, AUTA DE SOUZA.


YVONNE PEREIRA


Yvonne do Amaral Pereira nasceu na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, hoje Rio das Flores, sul do estado do Rio de Janeiro, às 6 horas da manhã. O pai, um pequeno negociante, Manoel José Pereira Filho e a mãe Elizabeth do Amaral Pereira. Teve 5 irmãos mais moços e um mais velho, filho do primeiro casamento da mãe.

Aos 29 dias de nascida, depois de um acesso de tosse, sobreveio uma sufocação que a deixou como morta (catalepsia ou morte aparente). O fenômeno foi fruto dos muitos complexos que carregava no espírito, já que, na última existência terrestre, morrera afogada por suicídio. Durante 6 horas permaneceu nesse estado. O médico e o farmacêutico atestaram morte por sufocação. O velório foi preparado. A suposta defunta foi vestida com grinalda e vestido branco e azul. O caixãozinho branco foi encomendado. A mãe se retirou a um aposento, onde fez uma sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse definida, pois, não acreditava que a filha estivesse morta. Instantes depois, a criança acorda aos prantos. Todos os preparativos foram desfeitos. O funeral foi cancelado e a vida seguiu seu curso normal.

O pai, generoso de coração, desinteressado dos bens materiais, entrou em falência por três vezes, pois favorecia os fregueses em prejuízo próprio. Mais tarde, tornou-se funcionário público, cargo que ocupou até sua desencarnação, em 1935. O lar sempre foi pobre o modesto, conheceu dificuldades inerentes ao seu estado social, o que, segundo ela, a beneficiou muito, pois bem cedo alheou-se das vaidades mundanas e compreendeu as necessidades do próximo. O exemplo de conduta dos pais teve influência capital no futuro comportamento da médium. Era comum albergar na casa pessoas necessitadas e mendigos.

Aos 4 anos já se comunicava audio-visualmente com os espíritos, aos quais considerava pessoas normais encarnadas. Duas entidades eram particularmente caras: O espírito Charles, a quem considerava pai terreno real, devido a lembranças vivas de uma encarnação passada, em que este espírito fora seu pai carnal. Charles, o espírito elevado, foi seu orientador durante toda a sua vida e atividade mediúnica. O espírito Roberto de Canalejas, que foi médico espanhol em meados do século XIX era a outra entidade pela qual nutria um profundo afeto e com a qual tinha ligações espirituais de longa data e dívidas a saldar. Mais tarde, na vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades não menos evoluídas, como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Frederic Chopin e outras.

Aos 8 anos repetiu-se o fenômeno de catalepsia, associado a desprendimento parcial. Aconteceu à noite e a visão que teve, a marcou pelo resto da vida. Em espírito, foi parar ante uma imagem do “Senhor dos Passos”, na igreja que freqüentava. Pedia socorro, pois sofria muito. A imagem, então, cobrando vida, lhe dirigiu as seguintes palavras: “Vem comigo minha filha, será o único recurso que terás para suportar os sofrimentos que te esperam”, aceitou a mão que lhe era estendida, subiu os degraus e não lembra de mais nada. De fato, Yvonne Pereira foi uma criança infeliz. Vivia acossada por uma imensa saudade do ambiente familiar que tivera na sua última encarnação na Espanha e que lembrava com extraordinária clareza. Considerava seus familiares, principalmente seu pai e irmãos, como estranhos. A casa, a cidade onde morava, eram totalmente estranhas. Para ela, o pai verdadeiro era o espírito Charles e a casa, a da Espanha. Esses sentimentos desencontrados e o afloramento das faculdades mediúnicas, faziam com que tivesse comportamento considerado anormal por seus familiares. Por esse motivo, até os dez anos, passou a maior parte do tempo na casa da avó paterna.

O seu lar era espírita. Aos 8 anos teve o primeiro contato com um livro espírita. Aos 12, o pai deu-lhe de presente “O Evangelho segundo o Espiritismo” e o “Livro dos Espíritos”, que a acompanharam pelo resto da vida, sendo a sua leitura repetida, um bálsamo nas horas difíceis. Aos 13 anos começou a freqüentar as sessões práticas de Espiritismo, que muito a encantavam, pois via os espíritos comunicantes. Teve como instrução escolar o curso primário. Não pode, por motivos econômicos, fazer outros cursos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a leitura. Desde cedo teve que trabalhar para o seu próprio sustento, e o fez com a costura, bordado, rendas, flores, etc... A educação patriarcal que recebeu, fez com que vivesse afastada do mundo. Isto, por um lado, favoreceu o desenvolvimento e recolhimento mediúnico, mas por outro, a tornou excessivamente tímida e triste.

Como já vimos, a mediunidade apresentou-se nos primeiros dias de vida terrena, através do fenômeno de catalepsia, vindo a ser este, um fenômeno comum na sua vida a partir dos 16 anos. A maior parte das reportagens de além-túmulo, dos romances, das crônicas e contos relatados por Yvonne Pereira, foram coletados no mundo espiritual através deste processo, na hora do sono reparador. A sua mediunidade, porém, foi diversificada. Foi médium psicógrafa e receitista (Homeopatia) assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes, Charles, Roberto de Canalejas, Bittencourt Sampaio. Praticou a mediunidade de incorporação e passista. Possuía mediunidade de efeitos físicos, chegando a realizar algumas sessões de materialização, mas nunca sentiu atração por esta modalidade mediúnica. Os trabalhos, no campo da mediunidade, que mais gostava de fazer eram os de desdobramento, incorporação e receituário. Como foi dito, através do desdobramento noturno, (sono), que Yvonne Pereira navegava através do mundo espiritual, amparada por seus orientadores, coletando as crônicas, contos e romances com os quais hoje nos deleitamos. Como médium psicofônica, pode entrar em contato com obsessores, obsidiados, e suicidas, aos quais, devotava um carinho especial, sendo que muitos deles tornaram-se espíritos amigos. No receituário homeopático trabalhou em diversos centros espíritas de várias cidades em que morou durante os 54 anos de atividade. Foi uma médium independente, que não se submetia aos entraves burocráticos que alguns centros exercem sobre seus trabalhadores, seguia sempre a “Igreja do Alto” e com ela exercia a caridade a qualquer hora e a qualquer dia em que fosse procurada pelos sofredores.

Foi uma esperantista convicta e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil, quanto no exterior. Desde muito pequena cultivou o estudo e a boa leitura. Aos 16 anos já tinha lido obras dos grandes autores como Goethe, Bernardo Guimarães, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e outros. Escreveu muitos artigos publicados em jornais populares. Todos foram perdidos.

A obra mediúnica de Yvonne Pereira consta de 20 livros:

Amor e Ódio

Cânticos do Coração

O Cavaleiro de Numiers

A Derradeira Esperança

Devassando o Invisível

O Drama da Bretanha

Dramas da Obsessão

À Luz do Consolador

Maria, Mãe de Jesus

Memórias de um Suicida

Nas Telas do Infinito

Nas Voragens do Pecado

As Obsessões e o Espiritismo

Pelos Caminhos da Mediunidade Serena

Recordações da Mediunidade

Ressurreição e Vida

A Sublimação

A Tragédia de Santa Maria

Yvonne Entre Nós

O Zelo da tua Casa



Yvonne do Amaral Pereira

Nasceu no Rio de Janeiro em 24-12-1900

Desencarnou no Rio de Janeiro em 09-03-1984

MARTHA GALLEGO THOMAZ


Aos 94 anos (em 2009), Martha Gallego Thomaz continua em atividade na Federação Espírita do Estado de São Paulo e no Grupo Noel, instituição da qual é fundadora e cujo nome homenageia o compositor Noel Rosa, seu parceiro espiritual. Sua vasta experiência mediúnica é abordada nesta entrevista

Mediunidade é um tema caro a Martha Gallego Thomaz. Essa fluminense teve sua primeira experiência do gênero aos 3 anos, em 1918, e desenvolveu uma extensa carreira na área. Autora de dois livros ditados e três psicografados, ela ainda dirige trabalhos na Federação Espírita do Estado de São Paulo, na qual está desde 1956 (é sua médium mais antiga), e no Grupo Noel, casa que ajudou a fundar em 1977 e que oferece atendimento social e doutrinário a mais de 3 mil pessoas por mês. Ela fala a seguir sobre sua singular trajetória mediúnica.

A senhora via espíritos desde cedo. Como aprendeu a lidar com essa característica? Ela é mais comum do que se imagina?
Ela é muito comum hoje. Tratamos no Grupo, atualmente (2009), três crianças nessa situação. Isso está no Evangelho de Mateus: os velhos sonharão sonhos, os jovens terão vidência...

Em maio de 1918, os espíritos atacaram meu pai. Eu tinha 3 anos e brincava na sala de casa com minhas irmãs quando entrou um espírito muito feio, que se aproximou da minha mãe. Meu pai, que convalescia da gripe espanhola, levantou-se de onde estava feito uma fera – seu fraco era o ciúme que tinha da minha mãe. O espírito fez menção de abraçá-la e meu pai tirou os suspensórios para “bater” nele. De repente, o espírito percebeu que eu também via tudo. Aproximou-se, pôs a mão na minha garganta e disse: “Se contar que estou aqui, te esgano e você morre.”

Meu pai fez vários tratamentos no hospital psiquiátrico até receber alta. Não contei a ninguém sobre esse espírito, que me perseguia até na igreja.

Minha mãe só soube dele quando eu tinha 12 anos. Fomos de Petrópolis para o Rio de Janeiro e uma tia, que freqüentava uma casa espírita, chamou minha mãe para fazer um tratamento a distância para o meu pai, que estava internado no Hospital da Praia Vermelha. Minha mãe me levou, e fui morrendo de medo. Lá, uma senhora, vidente extraordinária, me disse: “Você está com medo desse bobalhão aí? Ele vem porque você tem medo. Se você pensar firmemente em Jesus, ele não vem mais.” Havia um Sagrado Coração de Jesus na parede e ela me instruiu: “Olhe nele até você o ver na sua cabeça.” Aprendi a me concentrar assim.


Libertei-me ali. Mas tinha muita vidência, e via coisas boas e más. Aos 30 anos, os espíritos começaram a tomar conta de mim quando eu não queria. Certa noite, um deles ficou olhando para mim, rindo, e caí doente. O médico que meu marido chamou lhe disse: “Vou dar a ela um remédio para dormir um pouco, mas os sintomas são de tétano. Passo aqui às 6 da manhã.” Eram 4 da madrugada. Quando o médico saiu, o espírito deu uma gargalhada e se foi – e eu me levantei, sem problema algum.

Meu marido, Íris, era paulista e já tinha um bom preparo espiritual. Um amigo de trabalho lhe disse que, no Rio de Janeiro, só encontraríamos espíritos daquele jeito na umbanda. Fomos, e ali a mediunidade explodiu. Três anos depois, o chefe do terreiro me disse: “Seu lugar não é aqui. Você está muito folgada...” Eu, que fui uma menina muito pobre, estava com carro e motorista. O chefe do terreiro afirmou: “Você vai sair desta cidade, seu marido vai vender tudo. Quando você vender a cama para ajudar seu marido a sustentar seus filhos, aí é que vai entender o que é espiritismo.”

Certa vez, uma médium do terreiro recebeu o espírito de José de Arimatéia, que acompanhava espíritos israelitas e alemães em visita a trabalhos espirituais no Rio de Janeiro. Ela falou aramaico, alemão, tudo. O chefe do terreiro me disse: “Você tem de conhecer o espiritismo. Aqui é como o primário que você fez na escola. Depois, vá conhecer o espiritismo.”

Viemos para São Paulo e, depois, fomos para Atibaia (a 65 km da capital). No centro kardecista de lá, de início eu era vista de forma diferente, por ter vindo da umbanda; depois, fiquei amiga de todos. Fundamos lá a Mocidade Espírita, que hoje está maravilhosa.

Após cinco anos em Atibaia, fui parar na Federação Espírita do Estado de São Paulo. Um amigo do comandante Edgard Armond (um dos mais importantes dirigentes da história da Federação) conheceu nosso trabalho – em Atibaia, o Noel e nós fizemos várias sessões de efeitos físicos. Muita gente ia lá para vê-las – e acabei vindo para São Paulo a fim de me educar...

Quando Noel Rosa surgiu?

Enquanto eu estava no terreiro. Meu organismo não suporta álcool, mas o Noel me fez tomar cerveja das 8 horas da noite à 1 da manhã. Antes de ir embora, me disse: “Você não vai sentir nada.” De fato, não senti. Mas lhe disse: “Nunca mais me faça isso. Não se aproxime mais de mim.”

Quando ele se aproximou, em Atibaia, avisou: “Não é para beber nem fumar. Vim para aprender.” Ali, começamos a trabalhar juntos.

Voltando à Federação, fiz um teste com o comandante Edgard Armond. Ele me disse: “Médiuns iguais à senhora, eu tenho 12. A senhora é ótima médium, mas para fazer sessões em sua casa.” Respondi: “Esses 12 são melhores que eu porque têm escola, e eu não.” Ele retrucou: “Então, vai para a de Aprendizes e a de Médiuns de uma vez.” Eu me inscrevi, e algum tempo depois ele me chamou para me educar a fim de fazer parte do Colégio de Médiuns, um grupo de 12 a 14 médiuns que dão orientações especiais – quando os médiuns comuns e os psicólogos que fazem o primeiro atendimento não acertam o diagnóstico, o caso vai para esse grupo. Foram três anos de preparação.

Envergonhei o comandante com minha ignorância. Certa vez, ele me chamou ao seu gabinete, indicou um dos dois homens ali presentes e me disse: “A filha desse senhor está com um problema. Ele vai lhe mostrar o retrato dela. Use sua vidência e veja o que ela tem.” Vi a foto e disse ao homem: “Sua filha fez uma operação na barriga. Dos rins saem uns caninhos que vão dar na bexiga. O caninho da direita está furado.” O comandante me deu aulas de anatomia por dois anos, porque achava uma vergonha um médium da Federação dizer que a filha de um médico tinha “caninhos”...

Trabalhei com o comandante de 1956 a 1967. Quando ele saiu, doente, me fez herdeira do Colégio. Mas, dos 12 médiuns de então, o único que ficou fui eu. O comandante me chamou à casa dele e disse: “Você vai ter de formar o Colégio outra vez.”

Coordenei o Colégio até uns quatro anos atrás, e deixei-o com 29 grupos e 120 médiuns. Atualmente, trabalho só um dia lá, dirigindo um dos grupos, e na área de Vibração.

Como foi seu contato com Chico Xavier?


Quando eu conseguia me desdobrar (fazer o corpo espiritual sair do físico), tinha curiosidade em conhecer o Chico – e ele, muito caridoso, me atendia. Um dia, um diretor da Federação foi ao Chico porque um de seus netos estava com problema. O Chico lhe disse: “Procure a Martha, aquela que recebe o Noel, porque só ela pode dar um jeito no seu neto.” As indicações se repetiram e a diretoria da Federação me perguntou por que o Chico mandava me procurarem. “A senhora o conhece?” Respondi que só por foto. Fomos a Uberaba em 1960 e o dr. Luiz Monteiro de Barros, presidente da Federação na época, disse: “Não vamos entrar no centro agora. Vamos na hora do Evangelho, para ver se o Chico reconhece a Martha.” Pedi: “Vamos chegar à janela só para eu ver se ele é igual ao retrato?” Quando cheguei, o Chico me chamou: “Marthinha, há quanto tempo estou esperando por você! Vem cá!”

Fui a Uberaba umas seis vezes. Em cada uma delas, recebi o privilégio de uma onda de luz. Tenho em casa uma caixa com telegramas e recados do Chico me estimulando ao trabalho. Eles influenciaram minha vida.

Quando surgiu o Grupo Noel?

Em 1957, muita gente vinha à nossa casa, na Vila Mariana, em São Paulo, pedir ajuda e orientação. Pessoas que nos conheciam de Atibaia queriam que fundássemos um grupo. As famílias Prestes Rosa, Ferrari e Paroni eram as mais entusiasmadas com a idéia. Os benfeitores disseram: “Se vocês estudarem juntos durante 20 anos, funda-se o grupo.” Todos foram para a Federação fazer Escola de Aprendizes, de Médiuns. Em agosto de 1977, fundamos o Grupo Noel, na Vila Mariana.

O espiritismo brasileiro consolidou-se com ícones como Bezerra de Menezes e Chico Xavier. Ele ainda depende do carisma de figuras como essas?

Os espíritas precisam abolir o fanatismo por esses ícones. Temos ótimos médiuns.


A senhora disse que um bom convívio familiar significa a resolução de mais de 90% dos problemas que trouxemos...

A família é uma reunião de espíritos que fazem parte de um mesmo grupo evolutivo. Por exemplo, tenho reencarnado com aqueles que foram meus irmãos, cunhados, filhos, etc. até nos harmonizarmos totalmente. Quando isso ocorrer, poderemos harmonizar outros grupos. Quando dei conta da minha família (já tenho tataranetos), pude me dedicar ao Grupo rodeada de amigos, porque sem amigos não fazemos nada. Nosso Grupo não tem o nome de “Centro Espírita” – é um grupo de pessoas com o mesmo ideal.

A condição mundial depende das famílias. Podemos fazer a sociedade melhorar dando exemplo dentro da nossa família. A atual situação planetária, aliás, está muito ligada ao lado espiritual. O Evangelho profético de Mateus mostra que estamos em pleno Apocalipse. Perguntado pelos discípulos sobre quando a Terra iria melhorar, Jesus disse que chegará um tempo em que nada ficará oculto – e hoje, com a internet e os “grampos”, praticamente se sabe de tudo... Jesus também disse que o começo do fim é quando os filhos começarem a matar os pais e os pais a matar os filhos. Desde os anos 1990 ouvimos falar de casos assim. É um momento muito difícil.

Certa vez, alguém pediu ao Chico para perguntar ao seu mentor, Emmanuel, quando a Terra melhoraria. Emmanuel respondeu que, se os espíritas fossem unidos, em 2015 teríamos um mundo melhor. Mas, como eles ainda têm muitas divergências, só teremos paz lá por 2040... Depende de nós.

Como seguir na ativa aos 94 anos?

Os médiuns derramam sobre os pacientes tratados jarros de fluidos. Os pacientes não absorvem tudo; o que sobra fica na sala. Quando os passes terminam, todos os que estão lá se beneficiam. É por isso que continuo trabalhando: aprendi a respirar esses fluidos. Na matéria, minha respiração está péssima, mas com esse reforço dá para manter a saúde.

Qual é a importância do pensamento?

Nosso pensamento é matéria fluídica. Ao concentrá-lo em um desejo por uma pessoa, por exemplo, essa matéria vai ao encontro dela. Com o pensamento, pode-se mudar a vida de alguém. Por isso, o desenvolvimento do pensamento não pode ser ensinado a qualquer um. Os que têm amor no coração, os honestos não usam a força do pensamento a favor deles mesmos.

Como a senhora avalia sua carreira mediúnica?

Conquistei com ela um enorme conhecimento. Só cursei o primário. Hoje, estou a par, por exemplo, de física quântica, trago informações sobre doenças que não se conheciam. Certa vez, atendemos um senhor cujos astrócitos estavam fracos – algo que não sai em tomografia. Procurei meus amigos médicos e eles me elucidaram. Os astrócitos alimentam os neurônios; com eles enfraquecidos, enfraqueceu-se a cabeça. Foi o trabalho mediúnico que me deu esse conhecimento.

SERVIÇO
Grupo Noel – Rua Domingos de
Moraes, 1.895/1.905, São Paulo, SP.
Fone: (11) 5571-1014.
E-mail: fale@gruponoel.org.br

Matéria de: Eduardo Araia

ANDRÉ LUIZ


O espírito que conhecemos como André Luiz, em sua última encarnação foi um médico sanitarista brasileiro residente no Rio de Janeiro. Com bons conhecimentos científicos e grande capacidade de observação, foi-lhe permitido relatar, através do médium Francisco Cândido Xavier, suas experiências como desencarnado. Desejando manter o anonimato - possivelmente respeitando parentes ainda encarnados - quando questionado sobre seu nome, respondeu adotando o nome de um dos irmãos de Chico Xavier.

Alguns espíritas, já criaram algumas hipóteses sobre a identificação do médico carioca desencarnado, mas sem confirmação pelo próprio André Luiz. O primeiro livro de André Luiz é de 1943. Neste livro ele descreve sua chegada ao plano espiritual, iniciando pelo período de perturbação imediato após a morte, seguindo pelo seu restabelecimento e primeiras atividades, até o momento em que se torna "cidadão" de "Nosso Lar", colônia espiritual que dá nome ao livro.

Seguem-se outras obras que descrevem experiências e estudos do autor no plano espiritual, que ao longo da obra vão cada vez mais sendo direcionados à tarefa de esclarecimento dos encarnados sobre as realidades do plano espiritual, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier (as datas são dos prefácios de Emmanuel):

26 de fevereiro de 1944 - Os Mensageiros, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
13 de maio de 1945 - Missionários da Luz, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
25 de março de 1946 - Obreiros da Vida Eterna, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
25 de março de 1947 - No Mundo Maior, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
18 de junho de 1947 - Agenda Cristã, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
22 de fevereiro de 1949 - Libertação, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
23 de janeiro de 1954 - Entre a Terra e o Céu, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
3 de outubro de 1954 - Nos Domínios da Mediunidade, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
1 de janeiro de 1957 - Ação e Reação, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
21 de julho de 1958 - Evolução em Dois Mundos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
6 de agosto de 1959 - Mecanismos da Mediunidade, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
17 de janeiro de 1960 - Conduta Espírita, médium Waldo Vieira, FEB
4 de julho de 1963 - Sexo e Destino, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
2 de janeiro de 1964 - Desobsessão, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
18 de abril de 1968 - E a Vida Continua, médium Francisco Cândido Xavier, FEB
21 de maior de 1975 - Respostas da Vida, Médium Francisco Cândido Xavier, IDEAL

Além destes livros, André Luiz, também participou de obras conjuntas com outros autores espirituais, principalmente Emmanuel. A relação abaixo, indica algumas destas obras (as datas são dos prefácios):

9 de outubro de 1961, O Espírito da Verdade, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
2 de julho de 1963, Opinião Espírita, Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
11 de fevereiro de 1965, Estude e Viva, Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
15 de maio de 1965, Entre Irmãos de Outras Terras, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB
3 de junho de 1972, Mãos Marcadas, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, IDE
3 de outubro de 1973, Astronautas do Além, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires, GEEM
15 de maio de 1983, Os Dois Maiores Amores, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, GEEM
6 de agosto de 1987, Cura, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, G.E.E.M
17 de janeiro de 1989, Doutrina e Aplicação, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, CEU

A obra mediúnica de André Luiz teve - e ainda tem - uma influência considerável sobre o movimento espírita. Suas descrições do plano espiritual - tornando mais preciso e detalhado nosso conhecimento do mesmo - estabeleceram novo patamar de compreensão da vida espiritual, também incentivaram a criação de instituições espíritas devotadas à atividades assistências e grupos de estudos inumeráveis. Por exemplo, temos as "Casas André Luiz" e o "Grupo Espírita Nosso Lar", que se dedicam ao atendimento de crianças deficientes; a "Casa Transitória Fabiano de Cristo", que se dedica ao atendimento de gestantes carentes.

É interessante observar que o primeiro livro de André Luiz causou grande impacto pela novidade de suas informações, alguns chegaram a contestar suas descrições de uma vida espiritual muito semelhante a que levamos na Terra, mas o acúmulo de evidências - desde mensagens descrevendo de modo da vida espiritual, até obras completas de outros espíritos, por médiuns como Yvonne A. Pereira - provaram sua veracidade. O mais curioso é que descrições semelhantes já existiam desde os primeiros tempos do "Modern Spiritualism" - por exemplo, as que foram registradas por Andrew Jackson Davis (nasc. 1826 - desenc. 1910) - mas haviam caído no esquecimento.

ALLAN KARDEC


Pequena biografia de Allan Kardec

A vida de Allan Kardec pode ser contada de várias maneiras.

Para melhor compreensão de alguns aspectos, preferimos dividi-la em duas fases distintas: a primeira em que, desde o seu nascimento até a idade dos 50 anos, foi conhecido por Hippolyte Léon Denizard Rivail; e a segunda, quando se tornou espírita e passou a assinar Allan Kardec.

1ª fase:
Allan Kardec nasceu em Lyon (França), a 3 de outubro de 1804 e foi registrado sob o nome de Hippolyte Léon Denizard Rivail.

Iniciou seus estudos na escola de Pestalozzi (em Yverdun, Suiça). A educação transmitida por Pestalozzi marcou profundamente a vida futura do jovem Rivail.

Tornou-se educador e entusiasta do ensino, tendo sido várias vezes convidado por Pestalozzi para assumir a direção da escola, na sua ausência. Durante 30 anos (de 1824 a 1854), dedicou-se inteiramente ao ensino e foi autor de várias obras didáticas, que em muito contribuíram para o progresso de educação, naquela época.

2ª fase:
Em 1855, o prof. Rivail depara, pela primeira vez, com o “fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida”.

Passa então a observar estes fenômenos; pesquisa-os cuidadosamente, graças ao seu espírito de investigação, que sempre lhe fora peculiar, não elabora qualquer teoria pré-concebida, mas insiste na descoberta das causas.

Aplica a estes fenômenos o método experimental com o qual já estava familiarizado na função de educador; e, partindo dos efeitos, remonta às causas e reconhece a autenticidade daqueles fenômenos.

Convenceu-se da existência dos espíritos e de sua comunicação com os homens.
Grande transformação se opera na vida do prof. Rivail: convencido de sua condição de espírito encarnado, adota um nome já usado em existência anterior, no tempo dos druidas: Allan Kardec.

De 1855 a 1869, consagrou sua existência ao Espiritismo; sob a assistência dos Espíritos Superiores, representados pelo Espírito da Verdade, estabelece as bases da Codificação Espírita, em seu tríplice aspecto: Filosófico, Científico e Religioso.

Além das obras básicas da Codificação(Pentateuco Kardequiano), contribuiu com outros livros básicos de iniciação doutrinária, como: O que é o Espiritismo, O Espiritismo na sua mais simples expressão, Instruções práticas sobre as manifestações espíritas e Obras Póstumas.

A estas obras junta-se a Revista Espírita, “jornal” de estudos psicológicos, lançado a 1º de janeiro de 1858 e que esteve sob sua direção por 12 anos.

É também de sua iniciativa a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 1º de abril de 1858 - primeira instituição regularmente constituída com o objetivo de promover estudos que favorecessem o progresso do Espiritismo.

Assim surgiu o Espiritismo: com a ação dos Espíritos Superiores, apoiados na maturidade moral e cultural de Allan Kardec, no papel de codificador.

Com a máxima “Fora da caridade não há salvação”, procura ressaltar a igualdade entre os homens, perante Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua.

E a este princípio cabe juntar outro: “Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão face à face, em todas as épocas da humanidade”. Esclarece Allan Kardec:
“A fé raciocinada que se apóia nos fatos e na lógica, não deixa qualquer obscuridade: crê-se, porque se tem certeza e só se está certo, quando se compreendeu”.

Denominado “o bom senso encarnado” pelo célebre astrônomo Camille Flammarion, Allan Kardec desencarnou aos 65 anos, a 31 de março de 1869.

Em seu túmulo, no cemitério de Père Lachaise (Paris), uma inscrição sintetiza a concepção evolucionista da Doutrina Espírita: “Nascer, Morrer, Renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”.
OBRAS DE ALLAN KARDEC
LIVRO DOS ESPÍRITOS (publicado em 18 de abril de 1857)
O LIVRO DOS MÉDIUNS (publicado em janeiro de 1861)
O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO (publicado em abril de 1864)
O O CÉU E O INFERNO (publicado em agosto de 1865)
A GÊNESE (publicado em janeiro de 1868)
OBRAS PÓSTUMAS (publicado em 1890)

OUTRAS OBRAS COM SUA COLABORAÇÃO:

• A obsessão;
• Catálogo racional para a criação de uma biblioteca espírita;
• Instruções práticas sobre as manifestações espíritas;
• O espiritismo em sua mais simples expressão;
• O que é o espiritismo;
• Resumo da lei dos fenômenos espíritas;
• Revista espírita, “jornal” que esteve sob sua direção por 12 anos;
• Viagem espírita em 1862.

CHICO XAVIER


Cronologia da vida de Chico Xavier

2.abr.1910 - Nasce Francisco de Paula Cândido, nome de batismo, o Chico Xavier, na cidade mineira de Pedro Leopoldo, filho de João Cândido Xavier, vendedor de bilhetes de loteria, e de Maria João de Deus

29.set.1915 - Morre sua mãe, Maria João de Deus

Set.1915 - Chico Xavier vai morar com sua madrinha, Maria Rita de Cássia, amiga de sua mãe

Dez.1915 - Seu pai casa-se com Cidália Batista, que reúne todos os filhos do marido novamente e Chico volta a viver em família

Jan.1919 - Começa a frequentar o Grupo Escolar São José e a trabalhar na fábrica de tecidos

1923 - Conclui o curso primário, após repetir a quarta série

1925 - Começa a trabalhar no comércio. Primeiro, como auxiliar de cozinha no Bar do Dove. Em seguida, na venda de José Felizardo Sobrinho

7.mai.1927 - Tem sua primeira experiência na doutrina espírita, quando sua irmã Maria Xavier Pena, doente e desenganada pelos médicos, é levada até a casa de uma família espírita. Faz uma prece em torno do leito da irmã. Ela é curada. A partir daí começa a frequentar reuniões espíritas

21.jun.1927 - Torna-se secretário do recém-fundado Centro Espírita Luís Gonzaga, que funciona num barracão onde mora o seu irmão e também presidente do centro, José Xavier

8.jul.1927 - Psicografa, pela primeira vez, no Centro Espírita Luís Gonzaga e escreve 17 páginas com a assinatura final de "Um espírito amigo"

1928 - São publicadas suas primeiras mensagens psicografadas pelo matutino carioca "O Jornal" e, logo depois, pelo "Almanaque de Notícias", de Portugal

1931 - Aparece-lhe o que chama de seu mentor espiritual ou espírito-guia, que pede para ser chamado de Emmanuel

Mar.1931 - Morre Cidália Batista, sua madrasta e amiga

1931 - Psicografa pela primeira vez um poema com a assinatura de um morto: o poeta fluminense Casimiro Cunha (1880 - 1914). Poeta menor, mas com uma particularidade: espírita convicto e confesso

1932 - Edita seu primeiro livro, "Parnaso de Além-túmulo", uma coletânea de 59 poemas assinados por 14 grandes poetas brasileiros já falecidos: Castro Alves, Casimiro de Abreu, Augusto dos Anjos, Guerra Junqueiro, entre outros

1935 - Entra para o Ministério da Agricultura, trabalhando na Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo

1939 - Passa a psicografar os trabalhos do escritor maranhense Humberto de Campos, morto em 1934 e no mesmo ano lança o livro "Crônicas de Além-Túmulo", com textos do escritor falecido

1940 - Fica gravemente doente. Os médicos prevêem um ataque de uremia, o que não chega a ocorrer

1944 - É processado pela família do escritor Humberto de Campos, que exige parte dos direitos autorais dos livros psicografados, mas a justiça decide a favor do médium, que passa a usar o pseudônimo de irmão X para identificar os livros do escritor psicografa mais tarde

1944 - Publica o livro "Nosso Lar", que torna-se um verdadeiro best-seller entre as publicações espíritas, chegando a uma tiragem de 1.277.000 exemplares

1946 - Fica doente, vítima de tuberculose

1951 - É operado de uma hérnia estrangulada

1958 - Amauri Xavier Pena, sobrinho de Chico Xavier, filho de sua irmã Maria Xavier, também espírita e psicógrafo, declara aos jornais que, por se sentir amargurado por crises de consciência, decide contar que tudo o que já havia psicografado é criado por ele mesmo, sem nenhuma interferência dos espíritos, assim como seu tio

1959 - Muda-se para Uberaba (MG), fugindo do escândalo causado pelas declarações do sobrinho Amauri Xavier Pena

1960 - Publica, em parceria com o também médium Waldo Vieira, o livro "Mecanismos da Mediunidade"

1963 - Aposenta-se, após 30 anos de serviços prestados como auxiliar de serviço na antiga Inspetoria Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal, por incapacidade

1965 - Vai aos Estados Unidos a fim de difundir o espiritismo e para fazer um tratamento oftalmológico

1969 - Viaja a São Paulo para se submeter a uma cirurgia na próstata

3.jan.1972 - Concede uma entrevista de quatro horas na extinta TV Tupi, num programa chamado "Pinga-Fogo", o que atrai cerca de 20 milhões de telespectadores

Jun.1975 - Anuncia que encerrará, aos 65 anos de idade, suas atividades mediúnicas, devido ao desgaste físico e por não conseguir superar o processo de hipotensão, surgido em 1973.

1976 - Tem sua primeira crise de angina de peito

Mar.1980 - É indicado para receber o Prêmio Nobel da Paz de 1981, numa campanha liderada pelo então diretor da Rede Globo, Augusto César Vanucci

Set.1983 - Coloca, pela primeira, sua voz em quatro LPs, lançados pela gravadora Fermata, para transmitir suas mensagens de paz. Os discos trazem apenas o nome de Chico Xavier na capa, ao lado de um desenho de seu rosto

28.jun.1985 - João Francisco de Deus é julgado inocente da morte de sua mulher Gleide Maria Dutra, morta com um tiro no pescoço, no dia 1º. de março de 1980. Cartas de Gleide, inocentando João Francisco, psicografadas por Chico Xavier nove meses após sua morte, foram usadas pela defesa do acusado

Ago.1985 - Recebe a visita de D. Risoleta, viúva de Tancredo Neves, morto em abril de 1985. Ela, porém, nunca recebeu mensagens do marido

15.out.1989 - Recebe uma visita do então candidato à presidência da República, Fernando Collor de Mello, apoiando, pela primeira vez, um candidato a presidente

Maio.1991 - Já eleito presidente, Fernando Collor de Mello visita-o novamente

27.fev.1993 - É procurado por Glória Perez, mãe da atriz Daniela Perez, assassinada no final de 1992. Glória pede que Chico Xavier converse com sua filha

18.set.1995 - Um enfisema pulmonar o deixa com apenas 35 quilos e preso a uma cadeira de rodas

1997 - Publica o livro de poesias "Traços de Chico Xavier"

1998 - Publica o livro "Caminho Iluminado", do espírito Emmanuel

1999 - Publica seu último livro "Escada de Luz", totalizando 412 livros publicados, muitos deles traduzidos em diversas línguas e também em braile

BEZERRA DE MENESES



Nome: Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti.
Natural: Riacho do Sangue - CE
Nascimento: 29 de agosto de 1831
Desencarne: 11de abril de 1900
Profissão: Médico, Redator e político (vereador, prefeito, deputado e senador)
Família: 1ª esposa - Maria Cândida de Lacerda (desencarnou em 24 de março de 1863) com quem teve dois filhos; 2ª esposa - Cândida Augusta de Lacerda Machado com quem teve sete filhos.

Obras literárias: A casa assombrada; A loucura sob novo prisma; A Doutrina Espírita como filosofia teogônica (Uma carta de Bezerra de Menezes); Casamento e mortalha; Pérola Negra; Evangelho do Futuro. Também traduziu o livro Obras Póstumas de Allan Kardec.

Descendente de família antiga no Ceará ligada à política e ao militarismo, foi educado segundo padrões rígidos e princípios da religião católica. Aos sete anos de idade entrou para a escola pública da Vila Frade, aprendendo os primeiros passos da educação elementar. Em 1842 sua família muda-se para o Rio Grande do Norte, em conseqüência de perseguição política. Matriculou-se na aula pública de latinidade na antiga vila de Maioridade. Em dois anos preparou-se naquela língua de modo a substituir o professor.

Em 1846, a família novamente se muda para o Ceará, fixando residência na capital. Entrou para o Liceu, ali existente, e completou seus estudos preparatórios como o primeiro aluno do Liceu. No ano de 1851, o mesmo da morte de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, ingressando no ano seguinte, como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Para poder estudar, dava aulas de Filosofia e Matemáticas. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina, defendendo a tese: "Diagnóstico do cancro". Candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento", sendo empossado em 1º de junho de 1857. Em 1858 foi nomeado "cirurgião-tenente". Também sendo, no período de 1859-61, redator dos "Anais Brasilienses de Medicina" da Academia Imperial de Medicina.

Casou-se com Maria Cândida de Lacerda, em 6 de novembro de 1858, que faleceu a 24 de março de 1863, deixando-lhe 2 filhos.

Em 1861 inicia sua carreira política, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro, tendo que demitir-se do Corpo de Saúde do Exército. Na Câmara Municipal da Corte desenvolveu grande trabalho em favor do "Município Neutro", na defesa dos humildes e necessitados. Foi reeleito para o período de 1864-1868. Retornou à política no período de 1873 à 1881, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal da Corte, efetivando-se em julho de 1878, cargo que corresponderia ao de prefeito nos dias atuais, nunca obtendo favores do governo para as suas candidaturas. Foi eleito deputado geral do Rio de Janeiro de 1867, no entanto a Câmara foi dissolvida no ano seguinte e o Dr. Bezerra só exerceria o papel de deputado no período de 1878 à 1885, sem jamais ter contra ele qualquer ato que desabonasse sua vida pública.

Criou a Companhia de Estradas de Ferro Macaé a Campos, e construiu aquela ferrovia vencendo inúmeras dificuldades. Empenhou-se na construção da via férrea de Santo Antônio de Pádua, foi diretor da Companhia Arquitetônica e presidente da Carris Urbanos de São Cristóvão. Ao longo da vida acumulou inúmeros títulos de cidadania.

Durante a campanha abolicionista com espírito prudente e ponderado escreveu "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extinguí-la sem danos para a Nação". Expôs os problemas de sua terra, no estudo "Breves considerações sobre as secas do Norte". Escreveu ainda biografias sobre homens célebres. Foi redator de "A Reforma" órgão liberal na Corte, e redator do jornal "Sentinela da Liberdade", concluindo sua carreira política no ano 1885.

Conheceu o Espiritismo no ano 1875, através de um exemplar de O Livro dos Espíritos, oferecido pelo seu tradutor, Dr. Joaquim Carlos Travassos. Lançado em 883 o "Reformador", tornou-se seu colaborador escrevendo comentários judiciosos sobre o Catolicismo. No dia 16 de agosto de 1886, ante um auditório de pessoas da "melhor sociedade", proclamava solenemente a sua adesão ao Espiritismo, tendo inclusive direito à uma nota publicada pelo jornal "O Paiz" em tons elogiosos.

Passou então a escrever livros que se tornariam célebres no meio espírita. Em 1889, como presidente da FEB, iniciou o estudo metódico de "O Livro dos Espíritos". Traduziu o livro "Obras póstumas". Durante um período conturbado do movimento espírita manteve-se afastado do meio tendo hábito somente a freqüência ao Grupo Ismael no qual eram estudadas obras de Kardec e Roustaing., enquanto a FEB declinava por problemas financeiros. Foi convidado a assumir a presidência FEB, cuja conseqüência foi a vinculação da Federação ao Grupo Ismael e a Assistência aos Necessitados. Nesta ocasião foi redator-chefe do Reformador. Defendeu o direitos e a liberdade dos espíritas contra certos artigos do Código Penal. Presidiu outras instituições espíritas e terminou esta existência no dia 11 de abril de 1900, recebendo na primeira página de "O Paiz" um longo necrológico, chamando-lhe de "eminente brasileiro", e honras da Câmara Municipal da Corte pela conduta e pelos serviços dignos.

EMMANUEL


Emmanuel é o nome do espírito que tutelou a atividade mediúnica de Franscisco Cândido Xavier, o maior médium psicógrafo, hoje com mais de 350 obras psicografadas.


Ao tempo da passagem de Jesus pela Terra, chamou-se Públio Lentulus - senador romano -, e, ao que se sabe, foi a única autoridade que efetuou perfeita descrição Dele, através da célebre carta, publicada em numerosas línguas, autêntica obra-prima do gênero. Pessoalmente, encontrou Jesus, solicitando-Lhe auxílio para a cura de sua filha Flávia, que, supomos, estaria leprosa. Emmanuel desencarnou em Pompeia, no ano 79, vítima das lavas do Vulcão Vesúvio. Anos depois, reencarnaria como judeu na Grécia, em Éfeso, já não mais sob a toga de orgulhoso senador romano, mas sim na figura do modesto escravo Nestório, que, na idade madura, participava das reuniões secretas dos cristãos nas catacumbas de Roma.


Podemos ficar com melhor conhecimento da história desse espírito através das suas obras: Há Dois Mil Anos e Cinquenta Anos Depois , transmitidas mediunicamente através de Chico Xavier. Estas obras constituem verdadeiras obras primas de literatura mediúnica e histórica.


Emmanuel, o mentor espiritual que todos respeitamos, foi a personalidade de Manoel da Nóbrega, renascido em 18 de Outubro de 1517, em Sanfins, entre Douro e Minho, Portugal, quando reinava D. Manuel I, o Venturoso.


Inteligência privilegiada, ingressou na Universidade de Salamanca, Espanha, aos 17 anos, e, com 21 anos inscreve-se na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra, frequentando aulas de Direito Canônico e Filosofia. Em 14 de Junho de 1541, em plena mocidade, recebe a láurea doutoral, sendo, então, considerado doutor Padre Manoel da Nóbrega , pelo doutor Martim Azpilcueta Navarro.

Mais tarde, em 25 de Janeiro de 1554, seria um dos principais fundadores da grande metrópole São Paulo. Foi também o fundador da cidade de Salvador, Bahia, a primeira capital do Brasil.


A informação de que Emmanuel teria sido o Padre Manoel da Nóbrega, foi dada pelo próprio Emmanuel em várias comunicações através da mediunidade idônea e segura de Francisco Cândido Xavier.


No início da atividade mediúnica de Chico Xavier, nos anos trinta, ainda sem se identificar, disse-lhe que gostaria de trabalhar com ele durante longos anos, mas que necessitaria de três condições básicas para o fazer: 1ª disciplina, 2ª disciplina e 3ª disciplina. O que Chico cumpriu até o fim.


Chico foi um modesto funcionário público do Ministério da Agricultura que jamais misturou a sua atividade profissional com o exercício da mediunidade. Não poderemos deixar de registrar, sob pena de cometermos grave omissão, que, durante as décadas que Chico esteve a serviço do Estado, nunca, apesar da sua precária saúde e o trabalho doutrinário, faltou ou gozou qualquer tipo de licença no seu emprego no Ministério da Agricultura. Também no início da sua nobre missão, Emmanuel disse-lhe que se alguma vez ele o aconselhar a algo que não esteja de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, deverá procurar esquecê-lo, permanecendo fiel aos ensinamentos de Jesus e Kardec.

Emmanuel fez também parte da falange do Espírito da Verdade, que trouxe à Terra o Cristianismo restaurado, definição sua da Doutrina Espírita. No Evangelho Segundo o Espiritismo , Allan Kardec inseriu uma mensagem de Emmanuel, recebida em Paris, 1861, intitulada O Egoísmo (Cap. XI - 11)


Alem dos dois livros históricos citados, temos ainda várias dezenas de outros, dos quais destacamos: Paulo e Estevão , obra que, segundo Herculano Pires, justificaria, por si só, a missão mediúnica de Francisco Cândido Xavier: Ave, Cristo e Renúncia , livros estes que, juntamente com os citados anteriormente, ajudam-nos a entender o nascimento do Cristianismo. Estes cinco livros são baseados em fatos históricos verdadeiros. Emmanuel foi considerado o 5º evangelista, pela superior interpretação do pensamento de Jesus. Também os livros Palavras de Vida Eterna, Caminho, Verdade e Vida , Pão Nosso , Vinha de Luz e Fonte Viva são obras de consulta constante em nossa vida.


Visto ser completamente impossível, num trabalho deste gênero, falar de toda a sua obra transmitida através de Chico Xavier, gostaríamos, no entanto, de registrar o livro: A Caminho da Luz , que nos relata uma História da Civilização à Luz do Espiritismo e de Emmanuel , livro constituído por diversas dissertações importantes sobre Ciência, Religião e Filosofia.


MEIMEI


Espírito altamente amoroso e culto, que se tem dedicado mais particularmente à assistência à infância, manifesta-se, quase sempre, inundando o ambiente em suave e delicioso aroma de flores, mais particularmente rosas.

Seu nome, quando encarnada na terra, era Irma de Castro. Viveu de 22 de outubro de 1922 a 01 de outubro de 1946. Nasceu na cidade mineira de Mateus Leme e desencarnou em Belo Horizonte.

Manifestou precocemente acentuada inteligência, meiguice, modéstia e amor às letras. Era de beleza invulgar.

Tinha quatro irmãos: Ruth, Alaíde, Danilo e Carmem e ficou órfã de pai (Adolfo Castro) com apenas 5 anos. Sua mãe era D. Mariana de Castro.

Apesar de seu enorme amor aos estudos, por motivos de saúde, teve de abandonar o Curso Normal no segundo ano (Escola Normal de Itaúna).

Mais tarde, com sua irmã Alaíde, transferiu-se para Belo Horizonte para trabalhar e lá conheceu Arnaldo Rocha, com quem se casou aos 22 anos de idade. Apesar de muito querer um filhinho que lhe viesse abençoar o lar, isto não foi possível.

Tendo lido um romance, onde o personagem chinês tratava sua companheira pelo nome de Meimei (quer dizer "amor puro"), passou a tratar assim o marido e este também assim a tratava na intimidade.

O problema que muitas vezes antes se manifestara nos rins (nefrite) irrompeu com muita força, a ponto de lhe cegar uma das vistas e ela desencarnou, dois anos após o enlace.

O esposo, bastante abatido, procurou a Francisco Cândido Xavier, e este, que morava na cidade de Pedro Leopoldo, recebeu uma mensagem dela em que assinava Meimei, fato que todos ignoravam, já que este nome carinhoso só era do conhecimento do casal. Arnaldo tornou-se então um colaborador do Chico e fundou o Centro Espírita Meimei.

Muitos são os fatos narrados envolvendo a interferência amorosa de Meimei, que muitas vezes é vista pelos médiuns vestida de noiva, com a invulgar beleza, que lhe é peculiar.

Em 03/08/1977 Meimei psicografou pelo Chico 7 páginas apoiando a obra (ainda por editar) do espírito de Monteiro Lobato, recebida pela médium Marilusa, da qual carinhosamente se serviu para ditar o livro Retalho do Morro.

Dado seu carinho com a China, ainda dedicou a forma de ilustrar a obra - Retalho do Morro - com uso de sombras (arte milenar chinesa), e orientou quanto à utilização das figuras para avaliação do aprendizado das crianças.

Existem muitos livros ditados por Meimei através de Chico Xavier. Entre outros: Pai Nosso, Amizade, Palavras do Coração, Cartilha do Bem, Evangelho em Casa, Deus Aguarda e Mãe.