1920 - 2013
Hermínio
Corrêa de Miranda (Volta Redonda, 5 de janeiro de 1920) foi um pesquisador e
escritor espírita brasileiro. Habitualmente assinava Hermínio C. Miranda.
Formou-se em
Ciências Contábeis, tendo trabalhado na Companhia Siderúrgica Nacional até se
aposentar.
Seu primeiro
livro, Diálogo com as Sombras, foi publicado em 1976. Depois vieram muitos
outros títulos, sendo que seus direitos autorais foram sempre cedidos a
instituições filantrópicas.
Obras
publicadas
Em ordem
alfabética: A Dama da Noite; A Irmã do Vizir; A Memória e o Tempo; A Noviça e o
Faraó - A Extraordinária História de Omm Sety; A Reencarnação na Bíblia; A
Reinvenção da Morte; Alquimia da Mente; Arquivos Psíquicos do Egito; As Duas
Faces da Vida; As Marcas do Cristo, vol I e II; As Mil Faces da Realidade
Espiritual; As Sete Vidas de Fénelon; Autismo, uma Leitura Espiritual; Candeias
na Noite Escura; Com Quem Tu Andas? (com Jorge Andréa e Suely Caldas Schubert);
Condomínio Espiritual; Cristianismo: A Mensagem Esquecida; Crônicas de Um e de
Outro (com Luciano dos Anjos); De Kennedy ao Homem Artificial (com Luciano dos
Anjos); Diálogo com as Sombras; Diversidade dos Carismas; Eu Sou Camille
Desmoulins (com Luciano dos Anjos); Guerrilheiros da Intolerância; Hahnemann, o
Apóstolo da Medicina Espiritual; Histórias que os Espíritos Contaram;
Lembranças do Futuro; Memória Cósmica; Nas Fronteiras do Além; Negritude e
Genealidade; Nossos Filhos são Espíritos; O Espiritismo e os Problemas Humanos
(com Deolindo Amorim); O Evangelho Gnóstico de Tomé; O Exilado; O Mistério de
Patience Worth; O Que é Fenômeno Mediúnico; Os Cátaros e a Heresia Católica;
Reencarnação e Imortalidade; Sobrevivência e Comunicabilidade dos Espíritos; e
Swedenborg, uma Análise Crítica.
Além destas,
Herminio traduziu e comentou as seguintes obras: A Feira dos Casamentos (de J.
W. Rochester, psicografada por Vera Ivanova Kryzhanovskaia); O Mistério de
Edwin Drood (de Charles Dickens, com final psicografado por Thomas P. James); e
Processo dos Espíritas (de Madame Pierre-Gaëtan Leymarie).
Um dos
escritores espíritas mais lidos da atualidade, também tradutor, Hermínio Correa
de Miranda, nascido em 1920, teve um fôlego para pesquisas e leituras tão amplo
que não seria de todo equivocado afirmar que foi o escritor dos escritores.
Equiparava-se, talvez, neste aspecto e em certa medida a Ernesto Bozzano. Em
sua obra, extensa e também densa, sobressaltam as referências bibliográficas,
ao lado de suas preferências temáticas e de uma preocupação constante com as
conceituações, que deseja colocar claras para melhor expressão do seu
pensamento.
Contribuiu
para isso a competente capacidade de ler em diversas línguas e uma memória
privilegiada que Miranda demonstrava possuir, valorizando sobremaneira o seu
autodidatismo.
Tendo
residido por algum tempo nos Estados Unidos, a serviço profissional, aprimorou
ali não só os seus conhecimentos do inglês como também o gosto pela literatura
profusa do país de Tio Sam, em especial as obras relacionadas aos temas de sua
preferência.
Miranda não
foi um pesquisador do tipo Ian Stevensson ou Hernani Guimarães Andrade.
Enquanto estes se preocupam com a análise dos fatos em seus detalhes
comprováveis, quando trata da reencarnação Miranda se valia habitualmente de
pesquisa biográfica com apoio em bibliografia consistente, em que estão
presentes, inclusive, obras de história. É bem verdade que o seu livro mais
denso sobre o tema - "Eu sou Camille Desmoulins" - escrito em
parceria com o sujet da pesquisa, Luciano dos Anjos, conta com um outro tipo de
apoio: a regressão de memória. É também verdadeiro o fato de utilizar as
experiências com regressão de memória em outras obras sobre a reencarnação. Sua
argumentação, entretanto, privilegiava a comparação de dados biográficos, no
que foi rigoroso se assim podemos nos expressar.
A seriedade
de Miranda, nesta como em outras obras, é incontestável. Correndo o risco de
ser contestado, avançava ele na defesa de ideias próprias em alguns casos,
inovando senão na originalidade do assunto pelo menos na utilização de novas
designações para fatos conhecidos, como é o caso de seu "replay",
nome que atribui ao fenômeno observado por Ernesto Bozzano em "A Crise da
Morte", a respeito das lembranças que o indivíduo repassa no instante da
desencarnação.
Seu
pensamento era de que "o historiador ou historiógrafo não deve imaginar
fatos inexistentes para preencher lacunas ou justificar a "sua"
filosofia da História. Deve limitar-se a narrar os fatos, tal como se
apresentam na documentação existente ou na melhor e mais verossímil
tradição".
Ao lado de
sua farta produção na linha da reencarnação, Miranda revelava-se igualmente
interessado nos fatos mediúnicos, privilegiado que foi pela convivência com
alguns médiuns férteis em material de análise. Sua capacidade de registrar as
informações obtidas por esta via, bem como de ampliá-las com pesquisas
bibliográficas, permitiu-lhe escrever inúmeros livros, numa relação de que
desponta a série Histórias que os Espíritos Contaram. Nestas obras surpreende o
fato do autor trabalhar com a regressão de memória nos espíritos manifestantes.
Esta relação
íntima com o plano invisível, que o autor diz ter durado algumas décadas em
ambiente apartado do centro espírita, principiou por uma constatação: "Ao
iniciar-se a tarefa, o conceito que eu formulava acerca dos espíritos era o dos
livros que estudara durante o período de instrução e formação. Para mim, seriam
entidades que, de certa forma, transcendiam a condição humana, quase como
abstrações vivas, situadas numa dimensão que meus sentidos não alcançavam. Mas
não era nada disso, os espíritos são gente como a gente! Sofrem, amam, riem e
choram. Experimentam aflições, desalentos, alegrias, esperanças, tudo
igual".
Ainda no
plano das vidas sucessivas, Miranda acreditava ser a reencarnação de um dos
fiéis colaboradores de Martinho Lutero ao tempo da Reforma, tendo por esta
personalidade uma inusitada admiração. Seus estudos sobre vidas anteriores
incluem Lutero (este seria a reencarnação de Paulo). Isto talvez explique,
entre outras coisas, o também grande interesse de Miranda pela teologia e, em
especial, o Cristianismo, valendo destacar aí os dois volumes de As Marcas do
Cristo e ainda Cristianismo: A Mensagem Esquecida.
Não se pode,
portanto, deixar de mencionar neste ponto duas coisas: sendo afeito ao estudo
da teologia, Miranda não se mostrava um místico do tipo comum; apesar disso, era
francamente partidário do aspecto religioso do Espiritismo, revelando-se aqui
um dos poucos momentos de sua obra em que é contundente: "O Espiritismo
está coerente com essa mensagem imortal, e, por isso, implantou-se tão
solidamente sobre alicerce de três "pilotis": ciência, filosofia e
religião. Hoje, examinando os fatos do ponto de vista privilegiado da
perspectiva, sabemos que o suporte religioso é o mais importante dos
três". Segue, portanto, a linha emanuelina, em que não se contentava
apenas em apontar sua visão, mas destacava o que entende ser o aspecto
primordial: o religioso. Eis que o confirma: "O Espiritismo (...) se
resume, em última instância, em uma proposta clara e objetiva de esforço
pessoal evolutivo para substituir religiões salvacionistas, dogmáticas e
irracionais. Fé racionalizada, purificada e sustentada pela experimentação,
continua sendo fé, mais do que nunca. Se isto não é religião, que seria,
afinal?".
Para
finalizar, alguns aspectos curiosos em Hermínio Miranda:
1. Ele não foi
um escritor que se poderia dizer popular. Conquanto em alguns instantes
demonstre intenções nessa direção, sua linguagem o trai, seu estilo foi denso e
portador de uma seriedade do tipo que não se permite, leves que sejam, algumas
pitadas de jocosidade. Às vezes tentou, mas não logrou sucesso. Por isso, seria
interessante analisar a razão da excelente vendagem de seus livros;
2. Miranda
abusava das conceituações e dos esclarecimentos tendo por base os dicionários e
enciclopédias. Tem-se a impressão de que escreveu com o "Aurélio" e a
"Britânica" ao lado, a eles recorrendo constantemente. Isso pode
significar, por exemplo, uma tendência ao didatismo, ao mesmo tempo em que
preocupava com o produto final da recepção do leitor;
3. Verificava-se,
também nele, uma quase excessiva preocupação de convencer o leitor de que não
desejava modificar sua opinião acerca de determinados aspectos especialmente
ligados à crença. Ao analisar o conjunto de sua obra, este fato se destaca com
certa nitidez, contrastando com a firmeza com que defende suas opiniões.
Faleceu em 8
de julho de 2013, aos 93 anos. Foi sepultado no cemitério Jardim da Saudade
(Sulacap), no Rio de Janeiro.
Fonte do texto e imagem: Internet Google.
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