1900 - 2004
Às 6 horas
do dia 2 de julho de 2004, retornou ao mundo espiritual, estando para completar
104 anos de uma existência toda dedicada à caridade, o Espírito de nosso muito
querido companheiro Henrique Magalhães.
Seu corpo
foi velado, durante o dia 2, na sede da Instituição Maria de Nazareth – Casa da
Mãe Pobre -, na Rua Frei Pinto, 16, para onde afluiu uma legião de amigos e de
beneficiários de sua abençoada obra, ocasião em que a Casa de Ismael se fez
representar por seu Diretor Lauro de O. São Thiago e pelo ex-Presidente Juvanir
Borges de Souza.
O enterro se
deu no dia seguinte, sábado, no Cemitério do Parque da Colina, em Niterói (RJ),
ali comparecendo, em nome da Federação, o Diretor Affonso Soares, que se
associou, com breve alocução, às tocantes homenagens que lhe foram prestadas.
Henrique
Alves da Cunha Magalhães nasceu em 4 de dezembro de 1900 (quatro meses após o
passamento de Bezerra de Menezes), na Freguesia dos Telões, Conselho de
Amarante, Distrito do Porto, em Portugal, filho de Manoel Alves da Cunha
Magalhães e de Ana Augusta da Cunha Coutinho. Aos 12 anos de idade, na companhia
de um casal de primos de seu genitor, embarcou para o Brasil, chegando ao Rio
de Janeiro em 11 de novembro de 1912. Até 1920, trabalhou arduamente no
comércio para ganhar o pão de cada dia, mas as sequelas da “gripe espanhola”,
contraída em 1919, obrigaram-no a retornar à casa paterna. Durante a viagem a
enfermidade cedeu por completo, e Henrique após visitar os pais, regressou ao
Brasil, onde se estabeleceu definitivamente.
Em 1931, adoeceu novamente, e fixou residência
em Teresópolis, onde grassava uma epidemia de meningite. Com a filha mais nova
atingida pela terrível enfermidade, Henrique, vendo-a piorar apesar dos
desvelos do médico, aceitou a sugestão de obter uma receita homeopática dos
Espíritos, não obstante sua aversão ao Espiritismo. Operou-se a “milagrosa”
cura e Henrique começou a estudar O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan
Kardec, compreendendo o quanto andava distanciado de Jesus.
Em 1937, o
Alto, através do Espírito Dr. João de Freitas, exortou-o a que, juntamente com
outros idealistas, empreenda a fundação, em 1941, da benemérita Instituição
Maria de Nazareth – Casa da Mãe Pobre, que passou a dirigir, desde quando, em
1946, substituiu seu primeiro Presidente, o Dr. Coriolano de Góis, falecido
naquele ano. Sob sua condução, as atividades da Instituição, inspiradas no amor
da Mãe Santíssima, expandem-se sob a forma de serviços assistenciais de diversa
natureza, prestados em Teresópolis – Creche e Lar Isabel a Redentora, Mansão
dos Velhinhos, Grupo Escolar Isabel a Redentora, e no Rio de Janeiro – Hospital
Maternidade e Ambulatório Dr. João de Freitas, Abrigo Sylvia Penteado Antunes e
Lar Lucílio Ribeiro Torres, Creche Marieta Navarro Gaio.
Com o
magnetismo das almas que tudo sacrificam pelo bem do próximo e que confiam
absolutamente na Providência Divina, sem se descuidarem de cumprir os deveres
que lhes asseguram os favores celestes, Henrique Magalhães, não obstante
desprovido de grandes recursos, atraiu para a sua benemérita obra o concurso de
devotados idealistas, assim assegurando, com o indispensável sustento do Alto,
a continuidade de um serviço digno do venerando Espírito que o havia inspirado
– Maria de Nazaré, a Mãe de Jesus.
O querido
companheiro ainda encontrava tempo, em meio a uma intensa atividade, para
escrever livros com que edificasse as novas gerações e as atraísse para a Seara
do Mestre, tendo saído de sua pena as obras A Casa da Mãe Pobre – 50 anos de
Amor, em 1991; Como Fundar e Manter Obras Assistenciais, 1995; Em Prol da
Mediunidade – Pequena História do Espiritismo, 1998.
A
Conferência Espírita Brasil-Portugal (16 a 19/3/2000) prestou-lhe sentida
homenagem, por ocasião do seu centenário de nascimento, quando, por iniciativa
de Francisco Bispo dos Anjos, a Federação Espírita do Estado da Bahia publicou
um folheto em que, entre outros textos, figuram dados biográficos de nosso
homenageado. Também a Federação Espírita Brasileira, em júbilo pelo grato
evento, dedicou-lhe, em O Reformador de novembro daquele ano, o artigo
“Henrique Magalhães no seu Centenário”, de cujos informes biográficos nos
servimos para a presente notícia.
Henrique
Magalhães sempre foi um inestimável amigo da Federação Espírita Brasileira,
tendo colaborado para a construção da Sede Central, em Brasília (DF), e do
Departamento Gráfico, no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro (RJ), para
não falar do serviço silencioso e fiel, de todos os dias, em prol dos ideais
que norteiam os destinos da Casa de Ismael na Terra. Foi membro de seu Conselho
Fiscal durante vinte anos, membro de seu Conselho Superior desde 1975 e
representante do Ceará no Conselho Federativo Nacional, de 1951 a 1985.
Já no fim de
sua existência, Henrique Magalhães, carregando as naturais limitações que a
idade lhe impunha, afirmava feliz: “E continuo trabalhando, com a graça de
Deus”, com que oferecia a seus irmãos de lutas terrenas uma profunda lição de
bom ânimo e de perseverança no bem.
Agora,
liberado do cárcere físico, no pleno uso de sua liberdade espiritual e animado
pelo mesmo ideal a que consagrou a sua vida inteira, nosso irmão certamente
terá reafirmado, tanto às legiões luminosas que o aguardavam nas regiões
felizes do mundo espiritual, como aos pequeninos aos quais serviu com o seu
inquebrantável amor, o compromisso com Jesus, dizendo-lhes: “E continuarei
trabalhando, meus irmãos, sempre com a graça de Deus!”.
Deus o
ilumine e ampare, Henrique Magalhães, caro Irmão e Companheiro de Ideal
Espírita, são os votos sinceros de todos os que na Terra pudemos desfrutar de
sua amizade, de sua generosidade, de seu amor fraternal!
Fonte: Biografias Espíritas – Imagem:
Internet Google.
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