Nascido em Besançon,
no Doubs, Victor Hugo foi o terceiro filho de Sophie Trébuchet e Joseph Hugo,
um major que, mais tarde, se tornaria um general do exército napoleônico.
A infância de Victor
Hugo foi marcada por grandes acontecimentos. Napoleão foi proclamado imperador
dois anos depois do nascimento de Victor Hugo, e a monarquia dos Bourbons foi
restaurada antes de seu décimo oitavo aniversário. Os pontos de vista políticos
e religiosos opostos dos pais de Victor Hugo refletiam as forças que lutavam
pela supremacia na França ao longo de sua vida: seu pai era um oficial que
atingiu uma elevada posição no exército de Napoleão. Era um ateu republicano
que considerava Napoleão um herói, enquanto sua mãe era uma radical católica
defensora da casa real, sendo que se acredita tenha sido amante do general
Victor Lahorie, que foi executado em 1812 por tramar contra Napoleão. Devido à
ocupação do pai de Victor Hugo, Joseph, que era um oficial, mudavam-se com
frequência e Victor aprendeu muito com essas viagens. Na viagem de sua família
a Nápoles, ele viu as grandes passagens dos Alpes e seus picos nevados, o azul
do Mediterrâneo e Roma durante suas datas festivas.
Victor Hugo passou a
infância entre Paris, onde foi educado por muitos tutores e também em escolas
privadas, Nápoles e Madrid. Considerado um menino precoce, ainda jovem
tornou-se escritor, tendo em 1817, aos 15 anos, sido premiado pela Academia
Francesa por um de seus poemas.
Em 1819 fundou, com os
seus irmãos, uma revista, o "Conservateur Littéraire" (Conservador
Literário) e no mesmo ano ganhou o concurso da Académie des Jeux Floraux,
instituição literária francesa fundada no século 14.
Em 1821, Hugo publicou
seu livro de poesias, "Odes et poésies diverses" (Odes e Poesias
Diversas), com o qual ganhou uma pensão, concedida por Luís XVIII. Um ano mais
tarde publicaria seu primeiro romance, "Han d'Islande" (Hans da
Islândia).
Casou-se com sua amiga
de infância, Adèle Foucher, em 12 de outubro de 1822, o casamento gerou o
desgosto de seu irmão, Eugène, que era apaixonado por Adèle. Em decorrência
disso, Eugène enloquece e é internado em um hospício. No ano seguinte, a morte
do primeiro filho e o fracasso literário do livro Hans da Islândia, que não
agrada a crítica, interrompem o período de estabilidade vivido até então. Em
1824 nasce sua primeira filha, Leopoldine.
Em 1825, aos 23 anos,
recebe o título de Cavaleiro da Legião de Honra. Nesta época, torna-se líder de
um grupo de escritores criando o Cenáculo.
A publicação da
terceira coletânea de poemas de Victor Hugo, intitulada "Odes et
Ballads", em 1826, marcou o início de um período de intensa criatividade.
Em 1827, no prefácio
de seu extenso drama histórico, Cromwell, Hugo expõe uma chamada à liberação
das restrições que impunham as tradições do classicismo. O prefácio é considerado
o manifesto do movimento romântico na literatura francesa, nele o escritor fala
da necessidade de romper com as amarras e restrições do formalismo clássico
para poder então refletir a extensão plena da natureza humana. Ainda neste
prefácio, Hugo defende o drama moderno, com a coexistência do sublime e do
grotesco. O sucesso do prefácio de Cromwell consolidaram a imagem de Hugo como
a principal liderança do romantismo na França. Aos 26 anos de idade, o escritor
desfrutava de uma situação material confortável e prestígio não apenas entre a
juventude rebelde francesa, mas também entre a corte de Carlos X.
Neste período
integrou-se ao romantismo transformando-se em um verdadeiro porta-voz desse
movimento. A residência de Hugo tornou-se um ponto de encontro de escritores
românticos entre os quais Alfred de Vigny e o crítico literário Charles
Augustin Sainte-Beuve.
A censura recai sobre
sua obra, Marion do Lorme, em 1829, peça teatral apoiada na vida de uma cortesã
francesa do século XVII, isso aconteceu porque a obra foi considerada muito
liberal, e também devido ao fato dos censores terem interpretado a peça como
uma crítica à Carlos X, o que fez com que a produção daquela que seria sua
primeira peça a ser interpretada fosse cancelada.
Em 1830 estreia
Hernani sua primeira obra teatral, que representa o fim do classicismo e
expressa novas aspirações da juventude. A peça, que exalta o herói romântico em
luta contra a sociedade, divide opiniões, agradando os jovens e desagradando os
mais velhos, o que desencadeia uma disputa de público que contribui para a
consagração de Hugo como líder romântico. A peça obteve grande sucesso, lotando
o teatro em todas as suas exibições. A disputa entre opiniões gerada por Hernan
obteve proporções além do teatro, apoiadores e opositores travavam brigas e
discussões por toda a França.
Após o nascimento de
mais uma filha, também no ano de 1830, que recebeu o nome da mãe, sua esposa
recusa-se a ter mais filhos e concede ao marido liberdade para transitar por
Paris, desde que não a aborrecesse. Tal fato, faz com que Hugo se entregue à
libertinagem, ligando-se indistintamente à atrizes, aristocratas e humildes
costureiras, mas contudo, ele não se separara de Adèle. Neste mesmo período,
Adèle inicia um relacionamento amoroso com o amigo da família, Saint-Beauve.
Seu romance,
Notre-Dame de Paris, é lançado em 1831, considerado o maior romance histórico
de Victor Hugo, o livro definiu a forma de exploração ficcional do passado que
marcaram o romantismo francês. O livro narra a história do amor altruísta do
deformado sineiro da catedral de Notre Dame, Quasímodo, pela bailarina cigana
Esmeralda.
Com um estilo
realista, especialmente nas descrições de Paris medieval e seu submundo, o
enredo é melodramático, com muitas reviravoltas irônicas. O livro foi um
sucesso instantâneo e logo fez de Hugo o mais famoso escritor que vivia na
Europa, tendo o livro se propagado e traduzido por todo o continente.
No ano de 1832 Hugo
mudou-se para um apartamento instalado na Praça de Vosges, no bairro Le Marais,
onde morou até 1848, tendo sido visitado por escritores como Honoré de Balzac,
Alfred de Musset, Alexandre Dumas e o compositor Franz Liszt.
Em novembro de 1832
Victor Hugo apresentava em Paris Le Roi S’Amuse, uma peça baseada na vida
amorosa do rei Francisco I da França. Desde 1827 até o ano da estreia de Le Roi
S’Amuse, Hugo passara de uma postura inicialmente conservadora para um
liberalismo reformista que se refletia em suas posições públicas e em sua obra.
Le Roi S'Amuse também sofreria censura, acusada de expor a figura régia ao
ridículo.
Victor Hugo muito se
agigantou pela inteligência; poeta genial, escritor primoroso e fecundo.
Sustentou, sem esmorecimentos, tremendas lutas em prol da liberdade, enfrentando
a ira dos reacionários de todos os tempos, desses que não vacilam em sacrificar
as coisas mais sagradas e nobres para que seus interesses fiquem incólumes.
Por ter sido grande
demais, deixou de ser cidadão francês para se tornar cidadão do mundo, porque,
como foi dito, sua obra literária, suas palavras, no campo político, suas ideias
e pensamentos influíram e beneficiaram os povos do mundo inteiro! Ele próprio
sentia, não obstante seu entranhado amor ao país de seu nascimento, que
pertencia a todos os povos que sofriam e se viam cerceados da liberdade de
pensar, e que a ele cabia o dever de trabalhar, lutar infatigavelmente para que
a luz da verdade espiritual reinasse nas almas de todos os seus irmãos, fossem
eles desta ou daquela pátria. E para que essa luz pudesse brilhar era condição,
sine qua non, que aos homens fosse adjudicado o sagrado direito de liberdade,
liberdade de sentir Deus e a sua justiça, dentro das possibilidades
intelectuais de cada um, dessa liberdade, enfim, que é uma condição essencial
do homem.
Eis por que em pleno
Congresso da Paz, em Lausanne, afirmou: "Sou cidadão de todo homem que
pensa!".
Victor Hugo teve uma
vida por demais extensa, pois que em tudo ele foi exímio, seja como poeta,
pensador, dramaturgo, romancista, historiador, panfletista, orador, jornalista
e espírita!
Mostrou-se sempre
inimigo intransigente da pena de morte: "A cabeça do homem do povo está
cheia de princípios úteis... cultivai, decifrai, regai, esclarecei, moralizai,
utilizai essa cabeça e não tereis necessidade de cortá-la!".
Nosso propósito,
porém, acerca da personalidade de Victor Hugo, é o de focalizá-lo como
espírita, o que procuraremos fazer sucintamente.
Em 1852, em face de
suas atitudes políticas, viu-se ele na contingência de refugiar-se em Jersey,
na vivenda Marine-Terrace. Logo após chamou para junto de si a mulher e os
filhos, aos quais se reuniram alguns amigos, e entre eles Vacquerie e Julieta
Drouet.
Em setembro de 1853
chegava a Jersey, de visita, a Sra. De Girardin, levando a grande novidade: o
Espiritismo.
Neste ponto,
transcreveremos o que sobre esse assunto escreveu Raymond Escholier, em seu
livro intitulado "A Vida Gloriosa de Victor Hugo":
As suas crenças
religiosas, que a certas almas frívolas parecem tão simples, tão restritas, por
vezes tão extravagantes, são a verdadeira herança transmitida pelos seus
ancestrais rústicos.
A bem dizer, essas ideias
são mais velhas do que o Cristianismo: fé na sobrevivência e na presença
permanente dos mortos, no poder do sortilégio e da magia. Hugo não se limita a
introduzir na poesia francesa as expressões do povo, a linguagem popular, tão
cheia de imagens, tão colorida, tão expressiva; deu igualmente o direito de
cidadania às crenças do homem primitivo, que sempre existiu no velho solo da
França.
Para encontrar aquela
que ficou em França, aquela a quem Victor Hugo cantou a mãe dolorosa, consultou
ele à sua velha amiga, a Sra. Girardin; interrogando, por intermédio das mesas
falantes, o túmulo coberto de ervas e de sombras. Com a Sra. Hugo, com Carlos,
maravilhoso médium, com Augusto Vacquerie e o General Le Flô, Victor crê
penetrar o segredo das forças obscuras.
O primeiro Espírito
que se apresentou em Marine-Terrace foi o de Leopoldina.
- Onde estás? -
pergunta o poeta.
- Luz.
- Que é preciso fazer
para ir ter contigo?
- Amar.
Então na pequenina
casa, tão triste, todos choraram, todos acreditaram.
Nas revelações das
mesas, Hugo vê a deslumbrante confirmação das suas ideias religiosas. E é nessa
convicção que escreve, a 19 de setembro de 1854:
- Tenho uma pergunta
grave a fazer. Os seres, que povoam o Invisível e que leem os nossos
pensamentos, sabem que há vinte e cinco anos me ocupo dos assuntos que a mesa
suscita e aprofunda. Mais duma vez a mesa me tem falado desse trabalho; a
Sombra do Sepulcro incitou-me a terminá-lo. Nesse trabalho, evidentemente
conhecido no além, nesse trabalho de vinte e cinco anos, encontrara, apenas
pela meditação, muitos resultados que compõem hoje a revelação da mesa; vira
distintamente confirmados alguns desses resultados sublimes; entrevira outros
que viviam no meu espírito num estado de embrião confuso. Os seres misteriosos
e grandes que me escutam, veem, quando querem, no meu pensamento, como se vê
numa gruta com um archote; conhecem a minha consciência e sabem quanto tudo o que
eu acabo de dizer é rigorosamente exato, que fiquei por momentos contrariado,
no meu miserável amor-próprio humano, pela revelação atual, que veio lançar à
volta da minha lampadazinha de mineiro o clarão dum raio ou dum meteoro.
Hoje, tudo o que eu
vira por inteiro é confirmado pela mesa: e as meias revelações a mesa as
completa. Neste estado de alma escrevi: "O ser que se chama Sombra do
Sepulcro aconselhou-me a terminar a obra começada; o ser que se chama Ideia foi
mais longe ainda e "ordenou-me" que fizesse versos atraindo a piedade
para os seres cativos e punidos, que compõem o que parece aos não videntes a
Natureza morta; obedeci. Fiz versos que “Ideia” me impôs.
Em 22 de maio de 1885
desencarnou o Espírito de Victor Hugo. Eis as suas últimas vontades consignadas
em testamento confiado a Augusto Vacquerie:
Deixo 50.000 francos
aos pobres. Desejo que me levem ao cemitério na carreta dos pobres. Recuso as
orações de todas as igrejas. Creio em Deus.
Autor Desconhecido - Fonte do texto e imagem: Internet Google.
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