BENEDITO GODOY PAIVA
Nascido em S. Paulo no
dia 19 de abril de 1885, e desencarnado na mesma cidade, aos 17 de maio de
1962.
Durante mais de vinte
e cinco anos, como orador era invariavelmente requisitado para a maior parte
das festividades de cunho espírita realizadas em São Paulo.
Sua palavra tinha o
mérito de atrair numerosa assistência, pois, além de abalizado conferencista,
possuía um estilo todo peculiar de proferir suas locuções, iniciando-as com um
conto, um apólogo ou uma anedota de cunho singelo, que preparava os espíritos
dos presentes, predispondo-os à assimilação dos ensinamentos contidos no tema
que iria ser abordado.
Por isso dizia ele:
"Em nossa longa peregrinação pelas tribunas espíritas, pelas estações de
rádio e pela imprensa espírita, a falar sobre o Evangelho de Jesus, sempre
fizemos o possível para não enfastiar os ouvintes ou os leitores com longas e
pesadas dissertações sobre a Doutrina Espírita, achando preferível prender-lhes
a atenção por meio de outro processo, qual o de buscar na vida prática fatos ou
exemplos elucidativos dos temas abordados, ainda que por vezes pecando contra a
sisudez de alguns confrades pouco amantes de literatura desse gênero.
Para se trazer uma
assistência atenta, nada melhor do que entremear a palestra com a narração de
fatos interessantes e por vezes cônscio da vida de sociedade, elucidativos do
tema a ser abordado.
Nenhum mal há nisso,
para a propaganda e compreensão da Doutrina Espírita. O espírita deve ser
alegre e nunca um indivíduo avesso ao riso, às alegrias sãs, aos divertimentos
inofensivos, nunca devendo imitar aqueles frades da Ordem do Silêncio que,
proibidos de falar, só podiam dizer ao se encontrarem: "Irmão! Lembra-te
da morte!”.
Esse emérito espírita
chamava-se Benedito Godoy Paiva. Foi um homem de ilibado caráter, franco e
leal, dotado de invejável operosidade. Anteriormente ao ano de 1941, pertenceu
ao quadro diretivo da União Federativa Espírita Paulista, ali desenvolvendo
intenso trabalho de divulgação da Doutrina Espírita, fazendo-o através da
imprensa e do rádio.
Nesse mesmo ano passou
a prestar serviços no corpo de colaboradores da Federação Espírita do Estado de
São Paulo, onde teve grande destaque e exerceu numerosas atividades, pois, além
de orador oficial, foi diretor do Departamento Cultural e Social e membro do
Conselho Deliberativo, ajudando Pedro de Camargo, Vinícius, a instituir as
Tertúlias Evangélicas substituindo-o em seus impedimentos todos os domingos de
manhã.
Colaborou
decididamente na fundação da Escola de Aprendizes do Evangelho e de outros
cursos ministrados por aquela instituição, assessorando os trabalhos de
preparação de apostilas e livros para os aludidos cursos.
Em 1947 tomou parte
saliente na fundação da União das Sociedades Espíritas do Estado de S. Paulo,
formando a Comissão da Redação Final das deliberações do I Congresso Espírita
do Estado de São Paulo e integrando o primeiro Conselho Deliberativo daquela
entidade.
Os dados biográficos
que se seguem foram obtidos da Profa. Zilda de Paiva Barbosa, uma das filhas
daquele grande seareiro.
Benedito Godoy Paiva
enviuvou duas vezes, deixando sete filhos, netos e bisnetos. Aos 16 anos de
idade, após ter feito o Curso Ginasial no Externato Molina, estudou e completou
os cursos de geometria, matemática e de língua inglesa, ingressando então como
funcionário da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1901. Entretanto, fez ainda o
curso de Contador na Academia de Comércio do Brasil, a qual frequentou à noite,
passando depois a trabalhar em horas extras como guarda-livros, a fim de
equilibrar a economia do lar.
Aposentou-se após 46
anos de serviço naquela ferrovia, deixando uma grande folha de inestimáveis
serviços a ela prestados, com toda dedicação e eficiência.
Fez carreira brilhante
de praticante a assessor administrativo, chegando a Chefe do Escritório do
Tráfego e Chefe Geral do Expediente do Departamento dos Transportes, onde
recebeu elogios em sua folha corrida.
Tomou parte em
inquéritos administrativos e em outras comissões que lhe foram confiadas, por
conhecer profundamente todos os regulamentos e ordens expedidas pelas
administrações anteriores.
Foi jornalista,
colaborando na imprensa religiosa e profana, sendo redator de uma das colunas
do "Diário de São Paulo".
Como poeta e
charadista colaborou em "Nossa Estrada", revista cujo nome foi
sugerido por ele e aceito por votação por todo o pessoal da Sorocabana.
Era músico. Executava
cerca de seis instrumentos, porém, a sua predileção era pela flauta.
Compôs diversas
músicas e foi seresteiro. Fazia serenatas sob as janelas, nos tempos da velha
São Paulo.
Frequentou a Igreja
Evangélica, onde era organista e regente do coro.
Na ata de fundação da
3ª. Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo o seu nome consta, em
primeiro lugar, como fundador.
Conhecia profundamente
as Escrituras e dos Evangelhos tirou ensinamentos sublimes que o nortearam em
toda a sua vida, tão útil à família e à Humanidade.
Convertendo-se ao
Espiritismo, tomou parte inicialmente na União Federativa e posteriormente na
Federação Espírita do Estado de São Paulo, deixando a Igreja Presbiteriana de
onde solicitou afastamento, escrevendo uma carta ao seu grande amigo, Rev. Dr.
Seth Ferraz, pastor da 3ª. Igreja, expondo os motivos que o levavam a se
afastar do seio daquela comunidade, uma vez que os ensinamentos da Igreja
condenam o Espiritismo, doutrina baseada na reencarnação e na evolução dos
Espíritos.
Foi uma nova fase em
sua vida. Dedicou-se inteiramente à Doutrina Espírita.
Fez inúmeras
conferências, cujos auditórios eram repletos quando ele ocupava a tribuna.
Baseado nessas
conferências editou o livro "Quando o Evangelho diz Não!”.
Publicou diversos
folhetos, entre eles "Quais os que entrarão no céu" e "A Verdade
vos Libertará".
Escreveu poesias
diversas: "A Reencarnação", "Saudades do Marido", "As
Três Cruzes", "A Mulher Pecadora", "O Juízo Final",
"O Bom Samaritano", "Salvação pela Fé", "O Sonho da
Princesa" e, com Cid Franco, escreveu o poema "Avatar".
Revisou "A Grande
Síntese", livro mediúnico de Pietro Ubaldi e, em parceria com Emílio Manso
Vieira, escreveu o "Manual do Dirigente de Sessões Espíritas".
No dia de sua
desencarnação, à sua cabeceira estiveram presentes três representantes de correntes
religiosas: um pastor evangélico, um bispo da Igreja Católica Brasileira e um
membro da Federação Espírita do Estado de São Paulo. Todos lhe tributaram adeus
com o mesmo carinho.
Autor Desconhecido.
Fonte do texto e imagem: Internet Google.
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