1901 – 1988
Em
Leopoldina, Minas Gerais, em 23 de maio de 1901, nascia Indalício Hildegárdio
Mendes. Filho de Maria Lídia da Rocha Mendes e Cristóvão José Mendes, teve como
irmãos Otília, Iremarco e Dulcina.
Gêmeo de
sete meses, foi criado nos primeiros dias de vida em uma caixa de sapatos,
envolto por algodão, para que sobrevivesse. Seu irmão não teve a mesma sorte.
Com aparência franzina, muito claro, de olhos muito azuis, sua saúde sempre
inspirava cuidados, que eram tratados com desvelo, primeiro por sua mãe, depois
por sua dedicada esposa.
Com um mês
de vida, Indalício veio com sua família para o Rio de Janeiro. Foram morar no
bairro de São Cristóvão.
Autodidata,
cursou até o ginasial, quando começou a trabalhar para ajudar a família,
empregando-se na firma White Martins, onde criou o logotipo "estrela
verde", usado até hoje. Fez carreira, chegando à posição de Diretor da
Seção de Propaganda, e de lá saiu apenas para se aposentar.
Desde
pequeno apresentava gosto pela leitura, que o acompanhou por toda a vida,
resultando disso uma invejável ilustração e aprofundada cultura, abrangendo os
mais variados ramos e temas do conhecimento humano. Versado em línguas
estrangeiras, lia com facilidade obras em inglês, francês, italiano e espanhol.
Em sua
biblioteca de centenas de livros, deixou nas margens dos mesmos preciosos
comentários e observações, que enriquecem os textos.
Indalício
conheceu Nadir, sua esposa, no Rio de Janeiro. Foi em 1925, no dia 24 de
dezembro, na igreja de São Salvador, em Campos, que receberam a benção nupcial.
Desta união nasceram Myrian Neide e Spencer Luiz, que lhes deram sete netos e
quatro bisnetos.
Foi depois
de uma pneumonia, na década de 40, que começou sua busca espiritual. Luís
Fernandes da Silva Quadros, tio de sua esposa e membro da Federação Espírita
Brasileira, convidou-o a conhecer a doutrina e a Casa de Ismael, despertando-o
para o caminho novo que surgia. Indalício passara anteriormente pelas ideias
materialistas, marxistas e simpáticas a Herbert Spencer, de que teve a
inspiração para dar o nome a seu filho.
Na Casa
Máter, dedicou-se principalmente ao estudo das obras da Codificação de Allan
Kardec, e "Os Quatro Evangelhos", de Roustaing. Em 1943, foi
empossado como Secretário de "O Reformador", revista oficial da FEB.
Foi com o Artigo de fundo "Libertação pelo Evangelho", publicado em
março de 1944, que Indalício iniciou sua colaboração em "O
Reformador". Mais de seiscentos artigos se sucederam ao longo de 32 anos.
Deu também
sua colaboração durante quatro anos na Comissão de Assistência da FEB, sendo
ali companheiro de trabalho de Luís Quadros.
Em 1953
entrou para o Conselho Federativo Nacional, como representante da Federação
Espírita Paraibana e em 1956 foi eleito membro efetivo do Conselho Superior da
FEB.
Indalício
Mendes foi autor do "árduo" estudo comparativo das obras literárias
de Humberto de Campos - Homem - e Humberto de Campos - Espírito, conforme
consta em "Duas Palavras", do livro "A Psicografia ante os
Tribunais". Este trabalho reuniu toda a documentação necessária à defesa
de Chico Xavier e da FEB, entregue a Miguel Timponi.
Em 1975 foi
eleito Vice-Presidente da FEB, mas daí por diante, suas forças começaram a
declinar e sua presença era solicitada ao lado de sua dedicada esposa. Deixou o
Conselho Federativo Nacional, o qual servira por 23 anos. Foi desativando aos
poucos, deixando a vice-presidência em 1978. Mas, até a sua desencarnação,
permaneceu como redator de "O Reformador" e Assessor da Presidência.
De sua
personalidade, lembramos a alegria. Tinha o humor incrível que caracteriza os
homens de gênio. Gostava de ouvir música. Nas reuniões familiares, dançava e
até sapateava, sempre sob o sorriso amigo da esposa Nadir, que o acompanhava,
formando um casal exemplar.
Esportivo, na
mocidade chegou a lutar box. Tinha o pescoço um pouco inclinado, dizia ele, por
ter recebido um golpe desastrado.
Admirava o
futebol, e sobre esse assunto assinou durante muitos anos uma coluna intitulada
"Pra ler no bonde", no "Diário de Notícias", utilizando o
pseudônimo de "José Brígido". Foi membro da diretoria do Fluminense
Futebol Clube, no cargo de 2º Secretário.
Voz fraca,
quase inaudível, foi pela escrita que fez a divulgação de seu conhecimento. De
sua pena saíram contos, alguns de inspiração oriental; versos; tinha sempre
palavras escritas para lembrar alguma ocasião como aniversários, casamentos,
etc..., e gostava de presentear com livros que levavam sempre dedicatórias
gentis e doutrinárias. Usou vários pseudônimos: "José Brígido", já
citado; "Túlio Tupinambá", "Vinélius Di Marco",
"Boanerges da Rocha", "Tasso Porciúncula", "I.
Salústio", "Percival Antunes", "Tibúrcio Barreto",
"Jesuíno Macedo Jr.", "A. Pereira", "Tobias
Mirco", "Gonçalo Francoso", "Damasceno",
"X.Z" e outros.
Trabalhou em
vários jornais, dentre eles "A Gazeta de São Paulo", "A Tribuna
da Imprensa", "O Rio Esportivo" e "O Diário de
Notícias", do qual foi um dos fundadores ao lado do jornalista Orlando
Dantas, em 1930. Tornou-se jornalista profissional, tendo ocupado na ABI, Associação
Brasileira de Imprensa, o cargo de Diretor do Setor de Relações Sociais e
Humanas, do Departamento de Assistência Social.
Somado a
tantas atividades, exerceu o cargo de Assistente de Plenário do Tribunal de
Contas do Rio de Janeiro.
Por volta de
1963, pouco depois de sua fundação, ingressou na "Casa de Recuperação e
Benefícios Bezerra de Menezes". Fundou em 1965, junto com o seu Orientador
Geral, Azamor Serrão, o seu órgão de divulgação doutrinária, "O Cristão
Espírita", de distribuição gratuita, dirigindo-o até a sua desencarnação.
Indalício Mendes foi também membro do Conselho Deliberativo da Casa desde a
criação deste último, a 18 de novembro de 1967, exercendo essa função até o seu
regresso à Pátria Espiritual.
Nos últimos
anos de sua vida "O Cristão Espírita" já lhe custava extremado esforço.
As forças
diminuíam dia a dia, e não encontrava quem o pudesse substituir. Escrevia à
mão, pois não conseguia mais usar a máquina de escrever. Muitas vezes pensava
até em desistir, mas o estímulo de amigos levou-o a continuar.
Seu último e
precioso trabalho foi sobre "O Corpo Fluídico de Jesus", que não chegou
a ser publicado. Sua vivência no Espiritismo foi cercada de inúmeros
obstáculos. Acordava às quatro horas da madrugada para poder estudar e escrever,
inclusive "O Cristão Espírita".
Em 1974 o
casal comemorou 50 anos de casados, "Bodas de Ouro".
Em 25 de
agosto de 1984 desencarnou sua esposa Nadir. Ficou um grande vazio na vida de
Indalício.
A 13 de maio
de 1988, Indalício partiu para a espiritualidade. Frágil como uma luz de vela
prestes a apagar, na Casa de Saúde Santa Lúcia, em Botafogo. Justo no dia 13 de
maio, dia da libertação dos escravos, Indalício libertou-se do jugo carnal. A
vibração na capela do São João Baptista, onde seus restos mortais repousavam,
era amena, tranquila. Sentia-se a presença de seu espírito.
Indalício
Mendes deixou um rastro de luminosidade na Terra, pela intensidade e dignidade
da vida que viveu. Por isso, nós o chamamos, também, "Sal da
Terra...".
Fonte do texto: Biografias Espíritas –
Imagem: Internet Google.
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