1581-1660
A aldeia se
situa no sul da França, quase na divisa com a Espanha. Chama-se Pouy, e a
família leva o sobrenome De Paulo. Vicente é o terceiro entre os seis filhos do
casal João de Paulo e Bertranda de Moras. O ano é 1581.
A família
possui terras e um rebanho de vacas, ovelhas e porcos. Vicente é encarregado de
levar o rebanho a pastar e, seu olhar se perde na contemplação da natureza.
Cedo, nele se manifestam a inteligência aguda, o olhar observador, o espírito
vivo, o coração generoso e sincera devoção a Maria, o que motiva que os pais o
encaminhem aos estudos eclesiásticos para seguir a carreira sacerdotal.
Fez os
estudos teológicos na Universidade de Tolusa. Foi ordenado sacerdote em 23 de
setembro de 1600, aos 19 anos. Continuou os estudos por mais 4 anos, recebendo
o título de Doutor em Teologia.
Para poder frequentar
os estudos, o jovem estudante dá aulas particulares aos filhos de um juiz em
Pouy, o Sr. Commet, pois que seu pai não tem condições para ajudá-lo.
Mais tarde,
em Tolusa, leciona aos filhos de algumas famílias da nobreza, a fim de manter
os seus estudos de Teologia e a estadia, merecendo o título de bacharel, pela
Universidade, no ano de 1604.
Uma viúva
que gostava de ouvir as suas pregações, ciente de que ele era pobre, deixou
para ele sua herança, pequena propriedade e determinada importância em
dinheiro, que estava com um comerciante em Marselha.
Ele foi
atrás do devedor, encontrando-o, recebeu
grande parte do dinheiro; ia regressar de navio, por ser mais rápido e mais
barato. Na viagem o barco foi aprisionado por barcos de piratas turcos, e
levados para a Turquia. Em Tunis foram vendidos como escravos.
Vicente foi
vendido para um pescador, depois para um químico; com a morte deste, ele passou
pra um seu sobrinho, que vendeu-o para um fazendeiro (um renegado) que antes
era católico, e com medo da escravidão, adotara a religião muçulmana. Ele tinha
três esposas; uma era turca, que ouvindo os cânticos do escravo, sensibilizou e
quis saber o significado do que ele cantava. Ela, ciente da história, censurou
o marido por ter abandonado uma religião tão bonita. O patrão de Vicente,
arrependido, propôs ao escravo a fugirem para a França. Esta fuga só foi
realizada 10 meses depois.
No ano 1610,
a rainha Margarida, ex-esposa do rei Henrique IV, admite Vicente entre seus
esmoleres, ou seja, encarrega-o de distribuir as esmolas. Afetuoso, visita os
doentes, abranda as desavenças, dissipa as dúvidas, instrui na fé os empregados
e a todos presta incontáveis serviços.
Contudo,
Vicente vive no mundo dos grandes e dos ricos. Esmoler da rainha Margarida e
protegido da senhora De Gondi, até o dia que opta por se dedicar à instrução e
ao serviço dos camponeses, sendo-lhe designada a paróquia de Châtillon, uma das
mais problemáticas e desleixadas da região.
Num domingo,
ele recebe as notícias de uma família miserável que está a morrer. Estão todos
doentes. Instados pelo seu sermão, os paroquianos se dirigem à casa da família
e prestam auxílio.
O cérebro de
Vicente fervilha: "Eis aqui uma grande caridade, pensa, mas está mal
organizada".
Idealiza,
portanto, a criação de uma Associação, e, no dia 20 de agosto de 1617, com sua
iniciativa nasce uma associação de mulheres, com o objetivo de visitar,
alimentar e prestar aos enfermos todos os cuidados indispensáveis: a Confraria
da Caridade. As pessoas que a compõem chamam-se Servas dos Pobres ou Damas da
Caridade.
Em 1620,
Vicente institui a Caridade dos Homens. As mulheres se dedicam aos doentes, os
homens devem se dedicar aos velhos, viúvas, órfãos, prisioneiros.
Homem de
visão, Vicente de Paulo orienta as Confrarias, incentivando a organização de
cooperativas agrícolas, ensinando novos métodos de cultivo da terra,
implantando, nas cidades, pequenas manufaturas para produzirem objetos de uso
na região e, finalmente, criando centros de aprendizagem onde as crianças
indigentes possam receber educação cristã e aprender uma profissão, a fim de
tirá-las à miséria.
Tendo
estabelecido diretrizes à assistência aos camponeses, um novo campo se lhe
abre. Ele é convidado a trabalhar junto aos condenados às galés. São criminosos
e delinquentes, que vivem amontoados em calabouços infectos, acorrentados pelo
pescoço e pelos pés, cheios de vermes, revolta e desesperança.
Como poderia
Vicente lhes falar das coisas espirituais? Necessário é lhes melhorar as
condições, pois apodrecem vivos. O alimento é pão preto, a água é semi poluída
e os golpes de chicote são constantes.
Interfere
Vicente junto ao general das galeras, Manuel de Gondi e consegue realizar
sensíveis mudanças. Oferece-lhes cuidados corporais, distribui alimento entre
eles, consola-os, fala-lhes de Cristo e do Evangelho, chama-os de "meus
filhinhos".
Vicente ama.
Por isso, mostra-se incansável na descoberta das misérias humanas de ordem
material e espiritual, estendendo socorro pessoalmente e ou enviando as Damas
da Caridade a hospitais, prisões, asilos, escolas, às ruas.
Amigo de
Francisco de Sales, bispo de Genebra (Suíça), decide fundar uma Companhia que
tenha por herança os pobres e que se dê inteiramente aos pobres; o que se
concretiza em 1625.
Vicente é
mestre na arte de conquistar corações. Consegue apoio de muitos nobres e ricos
para atender os seus pobres. Tem amigos como a rainha Ana da Áustria que lhe
manda ajuda material durante o longo período da guerra, que assolou a França,
sustenta a obra das crianças expostas (abandonadas); Maria, duquesa de
Aiguillon, que o auxilia em todas as suas obras caritativas; o rei Luís XIII,
que visita e assiste os doentes, apoia e incentiva com bens materiais inúmeras
obras vicentinas; Luísa de Marillac, que se torna excepcional trabalhadora,
visitando e coordenando as diversas Confrarias da Caridade espalhadas ao redor
de Paris.
Desde os 35
anos de idade, Vicente conhece o trabalho da doença em sua própria carne. As
pernas e pés incham. Chegará um tempo, em que já sente dificuldade para se
manter a cavalo, para a realização das suas viagens.
Aos 74 anos
necessita ficar encerrado por longos dias em seu quarto, enquanto a febre se instala
em seu corpo. Com dificuldade e o auxílio de uma bengala, consegue dar alguns
passos. Contudo, dotado de indomável energia, ele profere palestra, todas as
manhãs aos seus discípulos, demonstrando serenidade e lucidez, apesar das dores
atrozes que o atormentam.
Diante da
morte iminente, brinca: "Em breve enterrarão o miserável corpo deste
velho, e se transformará em cinzas e o pisarão com os pés".
Então, em 27
de setembro de 1660, antes que o sol se levante, sentado numa poltrona, perto
do fogo, Vicente desencarna.
Era um pouco
antes das cinco horas da manhã, hora em que habitualmente Vicente se punha em
oração.
Os pobres,
mais do que ninguém, lastimam a morte do seu benfeitor e amigo, seu pai.
Referindo-se
a ele, o espírito de Francisco de Paula Vítor, pela psicografia de Raul
Teixeira, escreve: "Verdadeira luz a brilhar, no seio do séc. XVII, seus
exemplos de dedicação e fidelidade ao Mestre Jesus contagiam inumeráveis
corações que, depois dele, investem tempo e vida aos serviços portentosos em prol
da instalação do reino dos céus na Terra".
E esta
figura ímpar, se faz presente como um colaborador do Consolador Prometido,
assinando as respostas às questões de número 888, 888a em O Livro dos
Espíritos, onde igualmente assina, junto com outros espíritos eminentes,
Prolegômenos; nas mensagens de nº XX e XXVI do cap. XXXI de O Livro dos Médiuns
e o item 12, do cap. XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Nesta mensagem,
especialmente, é que derrama o perfume do seu coração, externando: "A
caridade é, em todos os mundos, a eterna âncora de salvação; é a mais pura
emanação do próprio Criador (...)".
Autor Desconhecido. Fonte do texto e imagem:
Internet Google.
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